segunda-feira, 15 de junho de 2009

Sobre a Parada

Houve um tempo em que o mês de junho representava um mês em que eu procurava participar de todas as atividades referentes a Parada Gay do Rio. Paletras, feiras e trabalho voluntário.

Acho que foi em 2005 em que eu fui voluntário da Parada pela 1a vez. Foi legal ajudar com a adesivagem dos cartazes, conhecer as pessoas envolvidas na preparação, outros voluntários, outras pessoas dispostas a fazer algo além de comparecer e dar pinta (muita, sempre!).

Inicialmente eu fui com uma "amiga" lésbica que tinha conhecido na internet. Nós tinhamos vontade de participar da preparação da parada mas nunca tinhamos alguém pra ir. Então fomos juntos no primeiro dia (se bem me lembro), mas depois ficou difícil para ela ir, então fui alguns dias sozinho mesmo. Eu era mais novo e mais crédulo.

Nesse ano teve um evento oficial pré-parada no Museu da República onde ocorreria uma feira e uma série de palestras. Participei de algumas, muito boas por sinal. No fim do dia seriam distribuídas as camisas dos voluntários que colaborariam durante a parada e seriam distribuídas as tarefas. Como eu estava sozinho e não tinha nenhuma preferência acabei ficando responsável em ajudar na corda do trio das lésbicas.

Resumindo, a parada foi legal. Fiquei até o fim. Foi diferente participar do outro lado do evento. Aprender sobre a logística envolvida e o esforço do pessoal responsável. Não saí de perto da corda por nada. Nem lembro se comi. Recebi várias cantadas. Esbarrei com amigos e conhecidos. E fiquei com a camisa. =D

O problemático pra mim foi a reunião dos voluntários pós-parada. Lá eu escutei sobre como há uma certa "competição" entre as paradas do Rio e de Sampa. Por isso que eu acredito que as datas são tão distantes. Percebi que há um esforço maior em fazer da parada um evento bem-sucedido em números de participantes do que um protesto político capaz de fazer alguma diferença. Mas o que mais me desapontou foi perceber a verdadeiro carnaval que é. Escutar as histórias de pegação na praia e tudo mais. Também era mais ingênuo.

Hoje eu acho a parada um evento bastante interessante, a maior festa gay do mundo, principalmente a de São Paulo. Mas se eu já não gosto de carnaval, a parada eu deixo para os que gostam.

Um comentário:

  1. Acho que a questão dos números é fundamental, não?
    Não falo da disputa Rio-São Paulo, pois é a própria cultura das cidades que definiu a "campeã", mas quanto mais gente estiver na rua, maior a visibilidade política, mesmo que só um carro esteja efetivamente falando de política.
    Estamos no Brasil, e se as nossas paradas já seguem um modelo universal, aqui é que não poderia ser sem festa mesmo. Além de ser impossível atrair tanta gente sem música, sexo e fantasia, é desnecessário.
    No mais, acho que a cultura carioca não nos deixaria "vencer" nunca. Não é para soar bairrista, mas aqui, temos o que fazer. Nenhum grande evento consegue atrair "a cidade toda", e mesmo os blocos de Carnaval mais famosos não conseguem atrair o número de pessoas que vão na parada paulistana.
    Em São Paulo, além do evento ser "A" coisa a se fazer no dia em que ocorre, temos uma cópia do estilo de vida gay nova-iorquino que oferece as condições ideais para que um evento desse tome a proporção que tomou...

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