sexta-feira, 8 de maio de 2009

Publicidade Gay - Abordagem Estereotipada

Embora só recentemente alguns comerciais que retratam personagens homossexuais tenham despertado a atenção do grande público por representações de homoafetividade serem consideradas inadequadas para os meios de comunicação de massa, todos sabemos que não é de hoje que personagens gays aparecem em comerciais sem grandes objeções do público desde que tais personagens fossem representados de maneira estereotipada, geralmente com abordagem cômica ou depreciativa .

Abordagem estereotipada
Ao falar sobre os diferentes usos do estereótipo durante o período de ditadura política no Brasil a analista de discurso Eni Orlandi4 diz que "o efeito de sentid que trabalha a relação com o estereótipo e a deque so nle é que somos falados pelo 'consenso', pela 'solidificação', pela 'sedimentação', pela 'fixação' do discurso". Orlandi fala de como os movimentos de resistência contra a ditatura militar usaram os estereótipos como "pontos de fuga de sentidos", mas esse não é bem o caso de um comercial da rádio belga Donna onde um pensativo rapaz se levanta da mesa de jantar, se dirige aos pais e começa a cantar "queridos pai e mãe/pode ser difícil/ mas, vocês precisam respeitara minha escolha.../estou tomado de alegria/.../o cheiro couro me excita/ calças apertadas fazem eu me sentir bem" enquano dança acompanhado de dois dançarinos musculosos de roupas apertadas que fazem insinuações sexuais enquanto cantam o refrão "tudo bem, ele é apenas gay".5

Embora esse comercial faça uso de estereótipos homossexuais como gosto por roupas de couro e/ou apertadas e músicas dançantes e possa ser interpretado como um uso de estereótipo em situação de censura como define Orlandi que era quando o estereótipo foi usado para falaro que era proibido dizer criando a possibilidade de usar os sedimentados estereótipos para "deslocar os sentidos possíveis" e trazer "diferentes efeitos de sentido". Talvez tenha até sido essa a solução que a agência publiciária encontrou para abordar o tema sem criar caso com os mais conservadores. Porém o discurso que sobressai aos outros possíveis é a comicidade da situação onde um filho sai do armário para os pais cantando e dançando e não a de que não há problema em ser gay. Vestergaard e Schøder6 dizem "a nosso ver, os processos semânticos da redução dos problemas e a imposiça de uma normalidade de comportamento são os mecanismos de maior conteúdo ideológico da propaganda". Os autore também dizem que "a ideologia pertence ao domínio do senso comum e, por sua vez, o conceito de senso comum nos permite alcançar a essênia da ideologia cmo aquilo que é ao mesmo tempo visível para todos e invisível por seu caráter óbvio". Michael Pêcheux7 reafirma o pensamento dos autores ao dizer que "é a ideologia que, através do 'hábito' e do 'uso',´está designando, ao mesmo tempo, o que é e o que deve ser".

Portanto o uso de um enunciado socialmente difundido, do estereótipo como é o caso desse exempl contrbui para a re-afirmação dos valores que a sociedade atribui aos homossexuais fixados no senso comum. Valores que vêm um homem gay afeminado como algo digno de riso e escárnio, como acontece no comercial da Doritos previamente mencionado.

4. ORLANDI, Eni Puccinelli. As Formas do Silêncio - No movimento dos Sentidos.

5. VESTEGAARD, Torben, SCHRØDER, Kim. A Linguagem da Publicidade.

7. PÊCHEUX, Michael. Semântica e Discurso: uma crítica à afirmação do óbvio.

7 comentários:

  1. B Fab,

    as coisas do mundo, em si, não significam nada. uma árvore pode ser chamada de vegetal, vida, natureza, tree, árbol, Baum etc. as coisas só tem o valor, que nós homens colocamos nela.

    logo, toda vez que falamos estamos restringindo as coisas. a própria língua nos obriga a isso. então ser relativista, pra mim, soa mais como um não querer se posicionar. ficar em cima do muro. não é porque você vê as coisas por angulos diferentes que você não prefira um angulo. só o fato de você achar algo certo ou errado entrega esse conceito de valor.

    eu acho que só o simples fato desse comercial passar apenas como piada o pior tipo de homofobia, a internalizada. vai dizer que algo que pode ser interpretado como "se assumir ou dar pinta não é pra ser dividido com seus amigos" pros milhares de jovens que se matam anualmente exatamente por medo dos amigos "estranharem" tal comportamento e preferem morrer a perder tais "amizades". pois voce bem sabe que,as vezes, se assumir significa perder antigas amizades e talvez encontrar outra. voce sabe disso porque eu encontrei voce.

    bjim

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  2. aff, má q povo extremixxxxta!
    Realmente não vejo nada e homofóbico neste comercial. Apenas se trata de um tipo d música que dificilmente um rapaz jovem curtiria, levando-se em conta os ritmos e modismos de hoje. Vê-se muito chifre em cabeça de cavalo nestes grupos ativistas(não me refiro somente aos gays!), se fosse a música do Cauby Peixoto, também diriam que foi homofobia, pq o Cauby é uma bixona?!Ou se fosse uma música da Ivete seria preconceito ao Axé, aos baianos, as mulheres, as mulheres cantoras de voz grossa, etc... etc...
    Porém concordo com LD que certos excessos de relativismo podem soar como "ficar em cima do muro". Determinadas situações ( as vezes as mais polêmicas, controversas ou comprometedoras)pedem SIM um posicionameto.

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  3. ps: A-DO-RO Village People!
    Um dos melhores e mais divertidos shows da minha vida!\o/

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  4. como eu disse... uma árvore pode ser "interpretada" como natureza, vegetal, vida, verde, ecologia mas nunca será uma formiga. existe como controlar as possíveis interpretações do que você vai dizer. publicitários sabem disso mais que ninguém. então o simples fato de existir a possibilidade de uma interpretação homofóbica já é suficiente. publicitarios ganham a vida direcionando a informação e o pensamento, não deviam ter deixado isso passar. porque a primeira coisa que se pensa quando se escuta YMCA é...

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  5. Por partes:

    Village People: melhor show das NOSSAS vidas anônimo, e eu tenho a pena do índio para provar!
    Me pergunto COMO eles passaram pela sociedade, com letras do tipo "They have everything for young men to enjoy/you can hang out with all the boys"!!

    Relativismos: Tá, pensando sob o seu prisma, não sou tão relativista assim, e simplesmente vejo os dois lados das questões.
    Nesse caso todo, usando o exemplo do comercial, acho que a homofobia não me incomoda por que me é estranho negá-la. Eu não a aceito como opção válida, mas não consigo fingir que ela não existe.
    Aí entram várias questões éticas sobre como manipular o povo, etc... como eu disse antes, reconheço que é importante combater os estereótipos, nem que seja para igualar os anos de representações negativas e aí sim partir para um novo e utópico começo igualitário. Mas, tendo modestamente evoluído com relação a isso, justamente por ser gay, tenho uma certa impaciência de ver essa igualdade.
    Assim, muito do que acontece no ativismo às vezes me choca, por nos dar destaque.

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  6. VOCÊ FOI NO SHOW?!?!?!?!?!?!?!?!?!
    tu jura bunitahhhh!!!! Q lindo!
    \o//////
    Ai ai... O Q ERA O MOTOQUEIRO???????o.O
    m-o-r-r-i!

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  7. HAHAHAHAHAHA, ALOCKA!
    Eu fui nos dois, sempre que esse povo vier aqui eu quero ir.

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