segunda-feira, 23 de março de 2009

Militância Inconsciente?

Nessa semana eu estava voltando pra casa e um homem se pôs a frente dos passageiros/platéia e começou a vender um livrinho de Saúde de A a Z. Até aí, nada de novo.

Só que depois ele começou a expressar suas opniões sobre abuso físico contra mulheres e crianças. Eu fiquei sem graça com a "pregação" do repetitivo senhor. Já o meu colega de classe e mais alguns outros passageiros o aplaudiram quando ele terminou, acredito que por deboche. Mas logo eu acompanhei os aplausos, pois admirei o gesto "político" do humilde senhor.


Não foi nesse dia que eu me dei conta de como quem foge do padrão de comportamento está fazendo política mesmo sem saber/querer. Na verdade todo mundo faz política o tempo todo. Dizer "oi" para alguém é político. Fazer questão de não dizer também.

Quem expressa "gratuitamente" o que pensa sobre o que acontece na sociedade acaba passando por louco ou mal educado. Mas como aquele senhor teria a chance de compartilhar a opinião dele com estranhos? Um comercial na TV? Um outdoor? Acho que não. E foi aí que a minha admiração pelos travesti e pintosas 24h/7dias cresceu mais.
Todos sabemos os tipos de constragimentos e abusos que dar pinta acarreta. Quem dá pinta mais ainda. E mesmo assim continuam, se recusando a acatar os papéis sexuais socialmente aceitos. Por que querem ser desse jeito e tem o direito de sê-lo.

O próprio Clodovil, mesmo tendo negado por anos sua homossexualidade, nunca o deixou de ser para o público. Ao mostrar uma postura em acordo com o estereótipo, somos percebidos pelas pessoas como sendo esse estereótipo. Dar pinta é não deixar a sua sexualidade em questão. É dizer com todas as letras, sendo gay ou não.

Alguma dúvida? Procure nos reality shows e veja quem são os gays que dão a cara a tapa publicamente. Geralmente são os que dão um pouco de pinta, porque sabem que as pessoas percebem sem que isso tenha que ser assumido. E isso para mim é mais corajoso e político do que ser "questionável" e/ou "deduzível". Como eu.

2 comentários:

  1. Tá vendo? Quem manda ficar tirando de negão? Vamos todos colocar as minhas blusas da Barbie e sair por aí, lindos e políticos!

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  2. Quando seguimos um padrão é porque nos é muito mais confortável "concordar" com essa coisa estupidamente forte que é o padrão social, isso que ninguém vê nem toca, mas que nos acompanha nos calcanhares e ái de quem pisar fora ... É confortável.
    Mas quando há algo que grita mais alto do que essa nuvem de padróes impostos há séculos, aí sim, se se tiver coragem, mude, se não dê um tiro na cabeça ou acabe com câncer somatizando isso tudo. Ai como gay sofre rsrsrsrs ...

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