segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

" A bissexualidade dobra imediatamente as suas chances de um encontro no sábado a noite"

A frase é do Woody Allen.

No próximo dia 20, às 22:15, o Multishow vai exibir o documentário "Bi the way", sobre bissexualidade, na faixa "Pensa nisso". Vamos pensar?

Tenho que começar dizendo que concordo com a frase do título, e com todo o tesão que sinto por homens, lamento muito não ser bi.

O filme fala sobre uma mudança na sexualidade americana, focando numa geração que se sente livre para transitar entre esses papéis sexuais e experimentar. Pode ser leviano falar nisso como uma mudança em geral, já que os entrevistados representam uma parcela da população, e não "uma geração". Mas é bom ver que alguns jovens se sentem confortáveis para falar nisso abertamente.

De minha parte, vivi isso de algumas formas. Quando criança, me senti pressionado a "escolher um lado", e terminei me identificando como homossexual por uma série de fatores além da atração sexual por outros homens. Mas sempre pensei que seria mais divertido ser livre para ficar com quem quisesse, e até hoje, ainda tenho esperanças de não ser tão "quadrado" assim.

Quando me sinto atraído por mulheres, geralmente é por motivos subjetivos como "cabelos bonitos", "star quality", "um riso franco" ou "breathtaking beauty". Nunca é algo sexual como no caso de mamilos masculinos e um bom volume no meio das pernas... no fim, meu envolvimento com mulheres sempre se deu pela amizade, mesmo quando cheguei a ter alguma intimidade com elas. Mas não foi ruim.

Quando era mais novo, vi minhas amigas experimentarem ficar com meninas, gostarem, fazerem disso uma fase e uma até virou lésbica. Acho maravilhoso que na nossa sociedade machista e falocêntrica a preocupação em "construir machos" seja tão grande que deixe as mulheres livres para se sentirem seguras de sua identidade feminina, mesmo quando estão beijando uma amiga.

É muito mais fácil para uma moça beijar uma amiga, gostar, até transar e depois voltar a namorar um rapaz do que para um menino. A masculinidade é tão frágil que não permite o contato entre os homens, e mesmo as grandes amizades masculinas evitam beijos e abraços. É uma pena... muitos se privam de experimentar e viver relações interessantes por conceitos sociais questionáveis.

Aí, agora, temos uma geração mais modernosa, onde algumas coisas são mais fáceis... repito, não dá para generalizar, mas tenho esperanças de que mais e mais garotos se sintam livres para dar ao menos um beijinho naquele amigo bonitinho, e quem sabe no futuro mais e mais pessoas se identifiquem como bissexuais?

Dando uma de Literatum, vou indicar uma leitura. "A invenção da Heterossexualidade", de Jonathan Ned Katz (Ediouro, 272 páginas). O livro fala sobre a invenção do termo "heterossexual" e como as relações sexuais foram definidas faz pouco tempo por ele, apesar de ele ter sido aceito como norma. Há um pouco de Freud, de Richard von Krafft-Ebing e um prefácio do Gore Vidal. Tem a história da homossexualidade, da heterossexualidade, e discussões sobre todas essas distinções, questionamentos e afins. Muito bom mesmo.

Um comentário:

  1. Pois é ... sexo frágil tão forte, sexo forte .. tããão frágil...

    ResponderExcluir

Posts Anexos