sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

All about sex...



Seguindo a sugestão de nosso fiel comentarista, quero falar de sexo.

O seriado "Queer as folk/Os assumidos" (em sua versão americana e de maior sucesso), começa sua crônica da vida gay com as seguintes frases (numa tradução livre):

"O que você precisa saber é: tudo gira em torno do sexo. Dizem que os homens pensam em sexo a cada 28 segundos, mas esses são os héteros. Gays pensam a cada nove."

Não vou dizer que é verdade, mas é claro que é mais fácil dois homens saírem transando sem nem se conhecer do que um casal hétero.

Excluíndo motivações biológicas, nós somos criados para sermos predadores sexuais. Ao contrário das mulheres, aprendemos que "quanto mais, melhor" nesse quesito, e a virilidade e a potência sexual são vistas como qualidades pela sociedade.

Machismo, falocentrismo e outros "ismos" participam dessa receita, mas o caso é que "pegar geral" é parte da vivência masculina. No caso dos homossexuais masculinos, temos essa energia vindo dos dois lados, o que resulta na nossa postura mais "liberal".

Usei as aspas por que não gosto de associar esse assunto à promiscuidade. Há um peso pejorativo nessa palavra que me lembra o período medieval e um tipo de culpa religiosa que nunca senti. Acho maravilhoso que as pessoas possam fazer de seus corpos o que quiserem, desde que se respeitem. Acho que esse é o único limite válido.

Mas como sabemos, nem todos pensam assim. Nós gays temos sim uma imagem pejorativamente promíscua, que evidentemente tem lá seus motivos, mas também sua parcela de inverdade.

Temos essa associação quase doentia entre amor e monogamia. E aquela entre sexo e pecado. Acredito que a monogamia romântica, que inclui os desejos e pensamentos, seja impossível. Podemos nos comprometer num relacionamento e agir com respeito, mas é difícil acreditar que um apaixonado nunca mais vá desejar outra pessoa só por que ama alguém.

Assim, a "promiscuidade" vira o contraponto do amor romântico. Passa a ser execrada.

Pagamos com a epidemia da AIDS por esse estilo de vida, e vários salivaram com a chance de nos condenar. Mas durou pouco. É provável que qualquer doença sexualmente transmissível vá se espalhar primeiro pela comunidade gay, simplesmente por que fazemos mais sexo e com mais gente do que a população heterossexual. Mas cedo ou tarde, essas doenças fazem a ponte e passam de "praga gay" ou "coisa de puta" para DSTs tratadas pelo SUS, por que todo mundo está sujeito a elas.

Será mesmo que os homossexuais estão tão errados assim? Será que são incapazes de relações duradouras e/ou monogâmicas?

Como quase todo questionamento sobre o comportamento alheio é leviano, já que somos indivíduos, acho que não importa. Cada um sabe de si. Eu, como gay, prefiro ter satisfação sexual do que ocultar meus desejos por conceitos que no fim só me deixariam "na mão" mesmo.

Enjoy

Um comentário:

  1. Acho que vale a pena lembrar que a promiscuidade não é uma exclusividade gay assim como relacionamentos amorosos não são uma excluisividade hetéro. Algo óbvio, eu sei, mas ainda há muita gente que acha impossível existir amor em um relacionamento entre dois homens. E certamente não serão casais assexuados de novela que mudarão isso. Mas, basta conhecer um casal gay na realidade pra perceber que somos tão desinteressantes como qualquer outro . As discussões são as mesmas, os conflitos idem. A única coisa que muda é o sexo e mesmo assim não é tão diferente. E depende do casal hétero.

    ResponderExcluir

Posts Anexos