quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

I am, you are e nós também...

Eu tenho uma certa birra com as "coisas gays". A "comunidade", os cabeleireiros, a Madonna... Isso não por falta de identificação - pois eu comecei a me perceber gay por essa identificação cultural mesmo - mas por que acho estranho mesmo.

Sexo todo mundo faz, mas quando se é homossexual, a sexualidade corre o risco de virar identidade, muitas vezes não por iniciativa própria. Heterossexuais não passam por isso, a sexualidade é aquela e pronto, está implícito.

Então temos a "comunidade gay". Milhões de pessoas que se identificam como um grupo e que lutam por direitos, unidas simplesmente pela prática sexual. Porque pode até ser que a maioria dos homens gays tenham uma diva ou bom gosto para moda, ou que grande parte das mulheres gays goste de tocar violão. Estereótipos existem por algum motivo... mas no fim, tudo se resume ao sexo. E aí o povo quer tirar onda de bicha engajada dizendo que as paradas gays não são mais um ato político, e sim uma grande pegação pública e sem sentido. Como se não fizessem...

Acho isso uma bobagem. A visibilidade está naquela multidão, e o caráter de festa é natural, pois dificilmente juntaríamos tanta gente se fosse para ouvir discurso. Sexo na rua, temos aí as micaretas e o carnaval para mostrar que não é "coisa de viado". Deixemos a política para os primeiros carros e os organizadores... se tem sacanagem, é por que no fim das contas é o sexo que une todo mundo ali. A Madonna e a Britney são mais uma coincidência.

E se fosse para conquistar igualdade de direitos, a luta deveria ser por invisibilidade, que é o que têm os heterossexuais. Igualdade seria ninguém questionar com quem você faz sexo, independente dos seus outros traços culturais. Não fazer disso a sua identidade.

3 comentários:

  1. Como então não deixar que a sexualidade se torne identidade se você mesmo diz que sexo é a única coisa que une os participantes de uma parada?

    Acho que se a parada ainda acontece com o próposito de visibilidade, ela já devia ter parado no Brasil em 2004 quando a Parada Gay de SP atingiu a marca de um milhão.

    A cada ano esse número só aumenta e não temos grandes mudanças no campo político, somente no turístico. Se todo esse povo que sai no dia da parada pra festejar assinasse um abaixo assinado pedindo pelos seus direitos... a visibilidade POLÍTICA aconteceria.

    Mas pra isso falta o essencial para algumas paradas gays brasileiras. IDEOLOGIA...

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  2. Sim, mas a minha "birra" é com essa necessidade de rotulação involuntária a que somos expostos desde o nascimento.
    E outra, eu não querer que sexualidade seja igual a identidade não quer dizer que não seja, né? A razão do post é justamente por que, querendo ou não, é.
    E sobre ideologia, o Cazuza já tinha cantado a bola faz é tempo...

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  3. O simples fato de existir esse blog, já é a necessidade do gay (no caso vocês) de não estarem na INvisibilidade, o gay de hoje, pelo menos a maioria não está atrás de invisibilidade, quer aparecer, mostrar a cara, mostrar que é diferente, escrever um blog ... Um hetero não teria o que escrever, se quisesse escrever sobre sua heterossexualidade ... Ele tem a genuina INvisibilidade.

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