domingo, 4 de janeiro de 2009

Orlandinho, o Gay-Fiasco da vez

Identificação cultural é algo muito engraçado. Acho que foram os detalhes que me diferenciavam quando criança que acabaram se tornando os pontos de afinidade que procurei em meus amigos.

Um exemplo (besta) foi o fato de eu gostar de jogar com a Chun-Li (a lutadora azul na imagem acima) no jogo Street Fighter. Como ela era a única lutadora, no primeiro jogo, os meninos aqui do prédio a achavam a mais fraca enquanto eu achava a mais legal. Depois veio outra lutadora que eu acho ainda mais legal... Por um bom tempo essa minha preferência pelas lutadorAs me fez diferente dos meus amigos e vizinhos. Isso e o fato de eu ser o único a parecer pensar que o Ryu era, digamos... interessante.

Posteriormente, quando comecei a fazer meus amigos gays - já que o fato de sê-lo não foi visto por bons olhos pelos meus, então, amigos e vizinhos - percebi que muitos deles também gostavam de jogar com a Chun-Li. Parece bobo, mas não se sentir tão diferente pode ser bem legal.

Como a Chun-Li, existem outros ícones gays. E me desculpem o arco-íris, a Judy, ou o Tom of Finland, mas quem foi ao show da Madonna sabe o que eu to dizendo. Haviam héteros, claro. Mas a pluralidade de gays que estavam no show era impressionante. Todo mundo conhece o arco-íris mas nem muitos estão dispostos a pagar algo pra tê-lo perto de si; Infelizmente a maioria nem conhece a Judy Garland; os desenhos do Tom todo mundo que já procurou pornografia gay na internet já viu mesmo não conhecendo o autor, mas a Maddy - sendo o ícone POP que é - movimenta multidões e milhões.

Mas não é disso que eu quero falar. Não sei se todos assistem TV aberta, mas quem assiste a novela A Favorita já deve ter tido o desprazer de conhecer o gay-fiasco da vez. O Orlandinho. Quem viu a novela desde o ínicio sabe que ele teve a chance de ser um personagem gay interessante. Ele não demonstrava nenhum interesse pela iconografia gay até se "auto-denominar" um. Depois disso ele se esforçou em gostar de fashion weeks e balett, acreditando que isso o tornaria um gay legítimo. Como se existisse tal coisa. Eu ainda não conheci alguém que se encaixasse totalmente nos estereótipos explorados pela mídia.

O que quero dizer é que o autor João Emanuel Carneiro ao tentar fazer algo "moderno" como, talvez, a bissexualidade, perdeu uma chance primorosa de dizer que nem todo homem gay gosta de Madonna e divas pop. Alguns gostam de MPB, futebol, política, pagode, micareta, religião ou simplemente não tem nenhuma obsessão específica. O Carneiro desfez toda a pouca conquista de outros gays-fiasco, abrindo margem até à possível interpretação de que gays são na verdade pessoas confusas que ainda não encontraram um pessoa do sexo oposto sexualmente experiente (que nem foi o caso da "prostituta" Céu) capaz de dissipar as dúvidas e torná-los homemns héteros de respeito e pais-de-família.

Como a novela ainda não acabou eu ainda não estou com meu julgamento fechado sobre o assunto, mas acho difícil aparecer um homem que tasque um beijo no Orlandinho e o faça acordar desse sonho de dona-de-casa conservadora. É, conheço o caso de algumas mães dizerem pra seus filhos gays que irão contratar uma profissional do sexo para curá-los.

Agora faz favor, né? Carneiro, ACORDA, olha pro lado que na Globo tem muita gente pra você fazer laboratório antes de escrever tal sandice.

Um comentário:

  1. Diga-se de passagem, ele não tem nem que olhar para o lado, né? Basta tirar o espelhinho da bolsa...

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