sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Pride and Prejudice - Part two

Então eu assumo uma americanização leve. Algumas pessoas já a julgaram crônica, mas eu gosto muito do Brasil e de muita coisa na nossa cultura para concordar com isso.

Em geral, acho nacionalismo uma bobagem. Por que ninguém escolhe onde nascer, então é a mesma coisa que se orgulhar do tamanho do nariz. E tem também aquele papo de "fazer alguma coisa a serviço da pátria" que sinceramente...

Mas enfim, hoje eu estava me escravizando à cultura da beleza gay na academia e lá só passa a MTV. Então, mais um clipe de Hip Hop, reconhecível pelo homem negro não muito atraente vestindo roupas ENORMES, com correntes de ouro no pescoço, uma penca de mulheres gostosas em trajes sumários e dois ou três carros de luxo atrás.

Então eu fiquei pensando no último post do LD, nessa coisa da "cultura negra norte americana" e é claro, no Obama.

Acho que a questão começa com a ideologia estadunidense da "terra das oportunidades". Essa é a identidade nacional (como a nossa é a de ser "malandro boa-praça") e algo com o que todos lá devem conviver. Uma terra de igualdade onde todos podem fazer como Lincoln e ir de lenhador a presidente.

Mas aí, como no mundo todo, temos a população negra... a população que só deixou de ser escrava faz 144 anos. Problemas de absorção social, segregação e através da música vimos essas pessoas terem alguma representação. Uma voz mesmo. Nos anos 80, o Rap e o Hip Hop vomitaram a revolta e os protestos de quem não tinha outra forma de falar. Mas com o sucesso, veio o dinheiro, a conquista do sonho, e acabou o fermento para o protesto... restou se pavonear do dinheiro ganho, das coisas e mulheres compradas com ele. O funk teve a mesmíssima trajetória aqui.

E então, Barack Hussein Obama (cara, ele TINHA que se chamar Osama...). A eleição dele foi linda, o mundo todo torcendo e apostando numa mudança do império. É claro que a esperança tem fundamento, mas é lógico que o Bush foi fundamental para isso, né? Se não fosse tão burro, não teria tanta gente clamando por mudança.

Mas Obama é "nossa gente", esperança para negros, gays e imigrantes, assinando tratado pela igualdade de salário entre homens e mulheres e tudo. Difícil prever se ele conseguirá sustentar a expectativa global. Provavelmente não. Mas já entrou para a história só de concorrer, e ainda ganhou. Na pior das hipóteses, teremos um governo MUITO melhor que o anterior, e os jovens negros terão um modelo mais saudável do que os pimps do Hip-Hop.

Quanto a nós, continua a esperança de que as mudanças lá sejam boas para o resto do mundo e que a crise não seja tão violenta por aqui. Está muito mais difícil arrumar emprego e comprar coisas, mas ainda dá para usufruir das coisas boas da cultura americana. Há quem duvida que elas existam, mas só por anti-imperialismo mesmo. Alguém VIVE sem tomar Coca-Cola? HOW?

3 comentários:

  1. Impressionante isso
    mas depois de escrever o meu post fiquei com isso na cabeça... o quanto a popularidade do hip-hop entre a população jovem branca (até uns 30) deve ter contribuido para a aceitação de um candidato negro.

    outra coisa que fiquei pensando é que qual será a diferença entre o linguajar negro norte-americano e o nosso pajubá. será que estamos fadados a ter uma identidade cultural sempre distinta?

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  2. Bom, no pajubá entra a raiz africana que é mais forte aqui no Brasil do que lá e deveria ser um agente de cultura também.
    Tudo bem, igualdades, igualdades, mas é uma população originalmente do continente africano, então não sei se é negativo manter traços dessa cultura.
    No caso dos EUA, não gosto muito do lance do "dinheiro e mulher", que diminui as mulheres. Por outro lado, reforça a ideologia capitalista de acúmulo de ganho, então no fim tudo é cultura e não dá para ficar estranhando muito...

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  3. Fugindo um pouco do assunto desse post especificamente, mas acho que só aqui poderia comentar algo do tipo.
    Aquela propaganda do Boston Medical Group, que ajuda homens que não tem ereção ou tem ejaculação precoce, no final é dito: "procure o Boston Medical Group e surpreenda sua parceirA" ... Só hetero que envelhece e tem problema de desfunção sexual??? Gente, há todo um grupo, consumidor (e bom) que não tem "parceira" ... sabe, diante disso desanimo pensando no mundo "igual ideal" ... as vezes parece tão longe ...
    Poderia ser: "procure o Boston Medical Group e surpreenda-se" ... enfim ...

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