Na semana passada tivemos aqui o Fashion Rio (sim, somos cariocas). Um dos grandes momentos do evento foi quando a travesti Patrícia Oliveira desfilou pela grife Complexo B. Tititi, bafafá, e no dia seguinte o jornal popular "Meia-Hora" fazia sensacionalismo dizendo que ela já saiu com homens famosos, designando-a pelo termo "bibinha". Na semana seguinte, o mesmo jornal falou sobre o passado da moça no pornô, utilizando o termo "traveco".
Fica claro que eu deveria ler um jornal decente, mas quero falar desse fascínio do travesti. Não diria que isso é coisa só do Brasil, mas acho incrível a posição do travesti na nossa sociedade.
No obrigatório livro "Devassos no Paraíso", João Silvério Trevisan conta a história da homossexualidade no Brasil. Nos anos 80, tivemos o fenômeno Roberta Close. Um travesti que virou símbolo sexual num país conhecido pelo machismo e pelo falso moralismo.
Falso moralismo por que a grande maioria dos clientes das travestis que vendem seus corpos nas ruas são os machões, pais-de-família, que precisam de uma figura feminina para manter sua masculinidade enquanto são penetrados.
Há muito o que dizer sobre a masculinidade e a delicada teia de atitudes que a sustenta. Por esse tipo de "construção cultural" passam os valores que fazem com que os gays passivos e/ou mais efeminados sejam hostilizados até dentro da comunidade. São valores antigos, que falam da opressão feminina até a sofisticação de se oprimir O feminino.
É como se ser homem, ser esse herói, fosse um privilégio. E nós homossexuais abrimos mão disso, nos rebaixando. Ninguém mais que os travestis, que levam essa trajetória no corpo.
Eu já me senti muito hostilizado por ser gay, mas nunca levei porrada e sempre deu para disfarçar se fosse necessário (horrível, né? Coisas dessa identidade sexual forçada, ai,ai... não deixo de reclamar disso nunca!). Mas no caso dos travestis é bem difícil. E por isso mesmo, eles estão no topo da lista das vítimas de crimes contra homossexuais no Brasil.
Muito mais hostilizados que o "gay-padrão", muitos terminam na prostituição simplesmente por que se veem na rua, sem ter o que comer ou onde morar. Claro, há casos e casos, opções... mas não dá para fingirmos que a maioria dos travestis não trabalha dessa forma. E se é assim, é por que motivo há.
São raros os casos como o de Leilane Assunção, que inicia seu doutorado nesse ano. Mas como em tudo na "vida gay", é um grande avanço.
Sobre o título, tirei desse vídeo. Se tem uma coisa que nós podemos fazer é nos divertir com a nossa cultura e fazer piada de nós mesmos.
*
Então nesta primeira semana de BBB tivemos a eliminação da moça que tinha sido indicada por voto combinado. O Pedro Bial disse que o público, que é o jogador mais poderoso do programa, se sofisticou. Tenho minhas dúvidas por que a menina faz esse estilo apagadinha que é o ideal para a primeira eliminação, mas gostaria muito se o povo finalmente estivesse pensando como eu (megalomania...), e vendo que esse jogo não é para premiar a virtude.
E que bom que o gatão entrou, né?
*
É triste, mas o meu computador está de gracinha. Então, se eu sumir, é por isso. Estou tentando salvar os meus arquivos para tentar formatar, mas começo a achar que não existem DVDs o suficiente para tanta pornografia... oh, céus!
*
E vamos aplaudir a estréia do Literatum aqui no blog! Eu ainda estou tentando puxar uma amiga hétero para cá, para dar um ponto de vista feminino (daquele tipo de mulher diva que tem vários amigos gays...), mas temos agora essa colaboração cultural, sempre com dicas valiosas de filmes, livros, artigos e coisas legais. Os homens, deixa que eu recomendo, a não ser que seja num daqueles livros bonitos da Taschen.
Aliás, a minha recomendação de filme e especialmente de livro é o clássico "...E O Vento Levou". Não temos nada gay ali, mas uma mulher forte que supera tudo e ainda se veste com as cortinas para seduzir um cara tem o seu apelo. E o livro é bem legal.
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Video engraçadissimo!!!
ResponderExcluirInveja da cidade que vocês moram!!! O Rio, ah... o Rio ...
Voltando ao seu problema de "aonde guardar tanta pornografia", quem sabe não vale aqui um "tópico", um comentário sobre essa imagem que todo gay é promíscuo, que basta ser gay pra só pensar em sexo o dia inteiro, que o gay pratica sexo com muita frequencia, etc ?
Isso é verdade? Olha de onde eu vejo as coisas, muitas vezes essa máxima faz o maior sentido, acho que (no caso do gay masculino) de dois homens querendo homem. O homem é mais sexual (homo ou hetero), e quando o alvo é outro homem aí o caminho fica a um dark room de distância.
De outro modo, é ruim afirmar tal coisa de um grupo humano, estereotipar esse grupo. Agora não que seja ruim ser sexualmente interessado e ousado, isso só não "fica bem" nessa terra tupiniquim do PAU Brasil.