quarta-feira, 29 de julho de 2009

Adequações...

Então, no dia 16 de Julho, a cidade de Belo Horizonte adotou a medida de usar o nome social de travestis e transexuais em toda a Rede Municipal de Ensino.

Isso é muito legal, mas só resolvi falar disso hoje por que acabei de escutar uma discussão sobre o tema na minha academia.

A minha academia pertence a Polícia Civil, e embora a fantasia do L.D de que eu malho rodeado de policiais sarados com cassetetes em riste seja só uma fantasia mesmo, grande parte das pessoas ali realmente é policial.

Como grande parte é efetivamente sarada, suada, peluda e grande, de vez em quando eu levo alguns minutos para lavar as mãos no banheiro, enquanto o espelho me exibe corpos, cuecas e cassetetes.

Hoje, lá estava eu lavando as mãos, e o assunto que tinha percebido ao entrar no banheiro continuava. Nada mudou com a minha presença por que eu estava incógnito, com o chaveiro e o celular da Barbie DENTRO do bolso, e como não sou tão sociável ali, até que me adequo.

O assunto entre um grupo particularmente gostoso de policiais de cueca era como se referir a transgêneros e travestis ao atendê-los na delegacia.

Para minha tristeza, a opinião geral era de que valia o nome da carteira de identidade, não importando a aparência da pessoa ou sua vontade. Isso me entristeceu um pouco por que é claro que eu entendo os preconceitos, mas acho que é também uma falha do sistema, já que aqueles profissionais evidentemente não foram ensinados a lidar com essas pessoas.

Eles também discutiram sobre a lei da homofobia, e como discordavam que uma igreja possa ser punida por se negar a aceitar um fiel homossexual. Em linhas gerais, o tom inteiro era anti-gay, sem ser propriamente homofóbico, entendem? Como todos os preconceitos, me parecia que para pessoas que todo dia lidam com a lei, a conversa tinha um direcionamento para as falhas dessa "lei gay".

Eu, é claro, torcia para que algum deles tivesse uma opinião mais gay-friendly, mas acho que mesmo que esse alguém existisse, não ia sair falando disso naquele ambiente. Isso me fez pensar em quantos deles demoram um pouco mais para revistar aquele travesti particularmente feminino ou não se importam de se deixar chupar por um viadinho numa viela escura, sem permitir que essas atitudes coloquem em cheque sua identidade sexual.

Pensei também em como é difícil proteger uma minoria, qualquer que seja, sem que os termos de um lei interfiram no direito alheio. Mais do que igualdade, eu sempre quis liberdade e invisibilidade, pois não me agrada um tratamento especial. Mas e aí, quando o Sr. Luiz Carlos vai fazer um denúncia e ele é uma linda loura de seios enormes, como fica?

terça-feira, 28 de julho de 2009

Preconceito vs. o Politicamente Correto.

Texto da amiga e jornalista Tati Py, saído de seu maravilhoso blog, o Pyleque:

Eu não sou do tipo que levanta bandeiras no blog. Falo do que gosto e do que não gosto. São questões pessoais (às vezes, pessoais demais) e só.

Mas há algumas coisas que não dá pra deixar passar.

Li na Folha que o Ministério Público de São Paulo está analisando uma tuitada do Danilo Gentili, repórter do CQC. Conforme for, ele pode ser acusado do crime de racismo.

Eis a tuitada:

"King Kong, um macaco que, depois que vai para a cidade e fica famoso, pega uma loira. Quem ele acha que é? Jogador de futebol?"

Evidentemente, rolou uma polêmica virtual e Danilo voltou a tuitar para se defender:

"Alguém pode me dar uma explicação razoável por que posso chamar gay de veado, gordo de baleia, branco de lagartixa, mas nunca um negro de macaco?"

Depois, continuou:

"Na piada do King Kong, não disse a cor do jogador. Disse que a loira saiu com o cara porque é famoso. A cabeça de vocês que têm preconceito."

Sorry, Danilo.
Foi totalmente preconceituoso. Não estou nem questionando o comportamento de certos profissionais da bola, mas quando tu compara um jogador a um macaco, tu não está falando do Tcheco, está?

Acho até que esse tipo de analogia não é consciente, e talz, mas é de um mau gosto tremendo. E alegar que pode chamar gay de veado e gordo de baleia não muda esse fato. Ao contrário, só piora. Isso é preconceito arraigado - e pra mim, esse é o do pior tipo.

É esse pensamento engraçadinho, de piadinhas que rolam à mesa nas macarronadas ou churrascadas de domingo, que rola de geração a geração. As crianças ouvem e acham engraçado quando o pai chama o colega de rolha de poço ou de elefante. No outro dia, chegam no colégio e atacam o primeiro colega com sobrepeso. A classe toda ri, e a cria pensa: "Pô, como eu sou legal".
Perpetua-se um padrão.

Não quero que o politicamente correto acabe com o humor, e nem acho que esse tipo de comportamento se apaga de uma hora para a outra, mas acho que já é piada velha e chatinha atribuir características animais à quem não tem a sua cor de pele, forma física ou opção sexual. Essa brincadeira tem uma mensagem subliminar: eu sou melhor do que você porque sou diferente de você. Sou superior!

Sem falar no fato de que é bem fácil gozar da cara dos outros - e não entender quando os outros reclamam - quando você não pertence a uma minoria que sofre discriminação.

O Danilo escreveu um post imenso no blog dele se justificando. Se vocês quiserem, deem uma olhada e me contem o que vocês acharam. Quero opiniões sinceras. Não precisa dourar a pílula para uma macaca-elafanta-girafa.

Ai, triste!

A propósito: dizemos de "raça negra" e não de "raça preta" porque raça não tem a ver com cor. Preto é cor. Nem todos os negros tem cor preta. Camila Pitanga é preta? Não.
Enfim, o conceito de raça é sobre características físicas ou ancestrais de um grupo.

Como comentei no blog da Tati, acho que o grande erro foi tentar consertar. Qual é o problema de pedir desculpas e admitir que errou? Aqui, frequentemente eu uso a palavra "VIADO", por que não tenho essas frescuras. Mas eu posso, né?

O que me irrita no post do Danilo é justamente se defender atacando o "politicamente correto". Acho um saco sermos politicamente corretos com tudo, mas não dá para usar uma opinião que procura um equilíbrio, e que é predominantemente de um elite intelectual, para justificar quando cometemos o que seria no mínimo uma gafe.

Isso, por que acredito que a tal "tuitada" tenha sido "inocente", já que preconceitos, estereótipos e padrões culturais existem e povoam nosso imaginário, fazendo com que muitas vezes pensemos em algo sem pensar em suas implicações.

Muitas vezes, especialmente na internet, uma informação sai de um jeito e é recebida de outro completamente diferente. Isso é natural. Assim, é possível que a história toda tenha começado pequena, mas com a emenda desastrosa, acabou confirmando o preconceito percebido por quem leu a primeira frase e se ofendeu. Aí, bola de neve, né? Ainda mais para uma pessoa pública, o buraco é muito mais embaixo e agora vai dar pano para manga, merecidamente.

Que sirva, pelo menos, de lição.

Neo-bofes ou "Rótulos não servem para nada?"

Pois é gente, eu sempre tive noção do tempo passando, mas eu realmente me acho jovem e moderninho.

Na minha vida, tive um momento de conflito com o rótulo que me foi imposto pela minha homossexualidade, e como outros adjetivos me foram negados por esse rótulo. Mas tudo bem, o que é, é.

Assim, agora, me sinto meio datado quando vejo essa afluência de "ex-gays" nos programas de TV. Claro, não dá para dizer que esses personagens estão espelhando uma realidade, é mais aceitável que estejam somente se adequando aos preconceitos. Mas ainda assim, será que eu sou mesmo uma bichinha velha, por que nunca comi uma mulher?

Na verdade, até por um machismo que só admiti recentemente, eu gostaria muito de ter conseguido. Sou a favor de experiências, e acho que devia experimentar para pelo menos saber como é, mas o máximo que consegui foram beijos e fazer sexo oral. Não me animei para algo mais profundo, e envolvimento emocional então, foi algo que jamais foi sequer pensado.

Assim, me espanta a naturalidade com que esses personagens estão passando de uma coisa a outra. Será a hora de virarmos bichas pegadoras, realizando o pesadelo de milhares de namorados heterossexuais por aí?

Dizem que não existe "ex-gay". Eu prefiro acreditar que tudo é possível, já que muitos mistérios envolvem o amor e seus preâmbulos, mas com certeza existe "ex-hétero", já que até pelo estigma, muita gente leva um tempo para entrar em acordo com uma identidade gay.

Tem o caso de uma amiga minha, que logo que começou na faculdade fez amizade com um menino, e eles acabaram ficando. Depois de um tempo, ele experimentou um rapaz e disse que poderia ser bi. Agora ele mora em São Paulo, trabalha com moda e é completamente gay.

A minha teoria é de que essa homossexualidade já estava ali, só que não era percebida. Não estou falando de enrustimento, mas sim se pessoas que por qualquer motivo, não percebem a "sexualidade desviada". Mas aí, se temos um caso reverso, como é que fica? Será mesmo que alguém que passa por tudo que passamos para nos definir gays, é capaz de realmente se envolver com alguém de outro sexo? E por que essa idéia parece estranha? Será pelo costume de rotular tudo e todos?

Questões...

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Novos Personagens Gays na TV

Acho que as emissoras de TV estão se sentindo realmente ameaçadas com o aumento dos espectadores virtuais, que ainda não geram audiência e estão desesperados suficiente para investir na polêmica dos personagens gays fora do horário nobre.

Semana passada zapeando por Malhação vi que há um personagem que é um cantor famoso e para calar os comentários sobre sua homossexualidade propõe casamento a interesseira Yasmin (Mariana Rios) e você já pode imaginar que até agora não apareceu nenhum par romântico para esse cantor (Fábio Keldani) e ele só está interessado, por enquanto pelo menos, em fazer compras e fofocar com sua noiva. A gente sabe que todo gay é assim né? Dispostos a viver uma mentira e consumistas a rodo. [NOT!]

E o que mais me espanta é que a Record está mostrando ao que veio e além de querer se desvincular da Igreja - porque não pega bem né, pregar uma coisa e mostrar outra - está investindo em uma terceira novela com um personagem gay. Em Bela, a Feia Sérgio Menezes e Daniel Erthal os dois morarão juntos mas pelo fato do Daniel ser um galã ele também se envolverá com mulheres. Sabe como é, a passarinha não pode parar de cantar.

Som & Fúria por outro lado, depois de uns selinhos fraternos no capítulo 7 agora acompanha a história de Patrick (Leonardo Miggiorin), personagem gay assumido que se envolve pela sua Julieta (Débora Falabela). Diferente dos outras duas abordagens eu levo mais fé nessa última que tem um olhar mais crítico sobre as coisas e menos recalque em nome de um conservadorismo não existente na progamação de qualquer canal da nossa TV aberta, tirando a TV Brasil. Mas não ficaria surpreso se ele encontrasse amor verdadeiro pela Julieta e largasse o seu Romeu.

terça-feira, 21 de julho de 2009

São Paulo, um mês depois!!

Pois é galera, andei sumido por que estava na cidade vizinha, a megalópole São Paulo.

Um frio do cão, amigos com gripe A e um bairrismo saudável foram os únicos pontos discutíveis. De resto, foi tudo ótimo.

Como sempre, quem me levou à Paulicéia foi minha Diva-Mor, o ícone fashion de 50 anos e 29 centímetros, a Barbie. Nos dias 11 e 12 de Julho, tivemos a segunda convenção nacional de colecionadores da boneca, e eu até palestrei, descobrindo que pelo menos nesse mundo rosa eu já sou uma celebridade (tanta gente pedindo para tirar foto comigo, só faltou dar autógrafo).

Mas voltando à cidade, infelizmente não deu para eu ir na época da parada, mas ainda assim me senti numa cidade gay. É claro que não estava evitando lugares gays, mas enquanto pensava em Nova York comendo um brownie no Starbucks da Paulista, após um dia de compras na livraria cultura do Conjunto Nacional, vi um verdadeiro desfile dos mais variados tipos de homossexuais.

Casais de mão dada, fortões, menininhos emo, monetes fashion... todos desfilando com uma liberdade invejável, ainda que assegurada por um local gay-friendly.

Um rapaz disse para uma amiga minha que o Rio é o dia e que São Paulo é a noite, e nessa viagem isso foi tão apropriado... os dias frios e cinzentos só serviram mesmo para dormir, mas as noites agitadas da balada paulistana mais uma vez me seduziram. Voltei na "Lôca", por que não tem como passar pela cidade sem ir lá (ou sem comprar um boneco dos Cavaleiros do Zodíaco na 25 de Março!).

Mas a grande revelação foi a "GAMBIARRA". Uma festa produzida por atores, num hotel, com três pistas. Na minha opinião, os acertos já começam pelo espaço, por que eu não suporto boate pequena, e uma festa que toma conta do lobby de um hotel é PERFEITA! Lotação nas pistas? Com certeza, mas com vários lugares para onde se fugir e respirar um pouco. Só gente bonita e som da melhor qualidade. Em uma das pistas, MPB remixada e alguns trash, para divertir. Na outra, flashback total, e na terceira, pop da melhor qualidade. Gente hétero, gente bi, gente homo. Tudo em harmonia.

Atores (como eu) e estudantes de Arte (como o L.D) pagam meia e têm direito a uma fila especial e muito menor.

Com a deliciosa pizza da "Bela Paulista" e o maravilhoso hambúrguer da "Lanchonete da cidade", fica a dica para quem estiver em São Paulo por um breve período.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Zac Efron, o libertário...

Imagino que todos já tenham visto o hilário vídeo do Zac Efron abaixo, mas já pararam pra pensar no que ele "liberar" quer dizer? Se você for ver no dicionário, lerá que quer dizer libertar (de dívida ou obrigação). No caso do Zac seria libertar-se das obrigações sociais das regras do "bom comportamento" que definem bem como cada gênero deve falar, agir, pensar, querer,...

Escrevi esse post porque acho engraçado quando ouço dizer que o problema dos gays é dar pinta, o que os tornaria menos homens ou mais femininos. O que irrita essas pessoas é que alguns gays, principalmente as Ts, parecem rejeitar o que eles acreditam ser uma verdade universal: Homens são assim, mulheres são assado.

Posso não ser uma pintosa, mas eu dou pinta. Não assumo o título não por preconceito, mas porque não sou uma pessoa extrovertida o suficiente pra despertar a atenção de outras pessoas. Mas acho engraçado como "alguns" percebem que meus gostos, assuntos e tudo mais não condizem com o que eles esperam para um ser do sexo masculino, mas por eu não encarnar o que eles conhecem como um homem gay, me rotulam como diferente, simplesmente.

É difícil se "liberar" toda hora, com qualquer pessoa. Você pode ser expulso do clube /grupo ou sofrer consequências físicas piores. A minha pinta aumenta de volume quando estou com pessoas mais próximas com as quais me sinto seguro suficiente para saber que o modo como eu falo e me expresso não será visto com maus olhos. Mas sei que nem com todos é assim, tem gente que está totalmente inserido na cultura gay mas se recusa a "liberar". O que me parece ainda mais engraçado do que o vídeo porque como uma pessoa pode estar inserida em um grupo social e recusar completamente seus códigos e símbolos?

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Pop Art, Gays e JoaPa

Ontem foi dia internacional do homem e confesso que nem sabia que existia isso e nem entendo muito bem existir tal dia já que, pra efeitos comerciais, ele é nulo, e me soa um pouco machista se for uma contraposição ao dia internacional da mulher, mas acho que celebra-se o ser humano como um todo, espero.
Mas não podia deixar ele passar em branco, então, atrasado por algumas horas, estou começando uma nova coisa aqui no blog, todos os três iremos indicar algum(a) artista que trabalhe com a questão da sexualidade, a homoafetividade, ou simplesmente rapazes bonitos. =D

Acho que nem sempre haverá algo escrito sobre @ artista mas nesse primeiro não posso deixar de falar do trabalho desse talentoso artista brasileiro. João Paulo Tiago, o JoaPa.

Hoje ao assistir ao novo filme do Harry Potter me deparei com um público jovem, majoritariamente, composto de meninos gays e suas amigas e lembrei de como a comunidade LGBT em geral está próxima da cultura pop. Difícil não conhecer alguém gay que não goste de uma diva (brasileira ou internacional), ou de clássicos da literatura, ou seriados de TV, ou de novela, ou de algum personagem de desenho/anime.

Então quando me deparei com alguns dos trabalhos do JoaPa identifiquei algumas das coisas POP que eu tanto gosto: quadrinhos, música, anime, literatura e religião. Sim, religião. Se você parar pra pensar quem primeiro pensou a imagem e a estética como cativadores do público foi a religião. A beleza das obras renascentistas teve o intuito de servir como "propaganda" da religião e o belo era essencial nessa captação dos sentidos. E eu, certamente, não sou o primeiro a apontar um certo teor homoerotico nos quadros dessa época.

E é entre referências a Madonna, Björk, Kylie Minogue, religião, cinema, cultura japonesa, assim como textos próprios e a colagem de objetos do cotidiano que se encontra algumas das obras do JoaPa que incluem instalações e pelo que percebi em seu portfolio performances.

JoaPa
JoaPa
João Paulo Tiago
Portfolio (aqui você encontra essa e outras imagens além de links do blog, flickr e fotolog)

terça-feira, 14 de julho de 2009

Som e Fúria e o Ridicularidade da Homofobia

Em momento nenhum eu quero fazer apologia a "pirataria" de produtos autorais pela internet. Mas achamos que quando tais produtos encontram-se indisponivéis por só serem transmitidos em outros países (animes japoneses por exemplo) ou o horário em que ele passa na TV é incompatível com a sua rotina não pode-se esperar que as pessoas se privem de um conteúdo que lhes interessa.

Gostaria de falar sobre "Som e Fúria" a nova minissérie da Globo. Muita gente cai em cima das mídias de massa. Acusam de não produzir nada culturamente superior. A gente aqui do blog não tem problema com bad TV. Na verdade a gente ama isso. Mas também gostamos de coisas mais... complexas.

Não estou em condição de falar se essa série é boa ou não porque ainda não vi nada direito e ela ainda nem terminou mas desde pelo pouco que tive acesso do primeiro capítulo já posso falar que ela merece algum destaque porque ela, no primeiro capítulo, ridiculariza a homofobia do mesmo jeito que eles ridicularizaram por anos a comunidade LGBT, através do estereótipo.

Eu não acho que estereotipar as pessoas é uma coisa legal, mas dar um pouco do próprio veneno a quem nos olha por cima é MUITO bom.



Começa a ver a partir de 6:50. Mas pelo que pude ver desse primeiro episódio vale a pena ver.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

The Celluloid Closet (1995)


Falando em Commercial Closet...


Só tive a oportunidade de ver esse filme porque um amigo conseguiu comprar esse filme. Hoje sei que ele está disponível internet a fora mas não estou aqui pra incentivar a pirataria.

Na busca que fiz antes de postar descobri que os diretores Rob Epstein e Jeffrey Friedman são também os responsáveis pelo obrigatório Paragraph 175 (O Triângulo Rosa) - um filme sobre a perseguição nazista aos homossexuais. Em ambos os filmes é possível perceber a investigação documental dos dois. Acho até que o filme fala as suas referências bibliográficas além do livro do livro homônio de Vito Russo.

Celluloid Closet (O Outro Lado de Hollywood) fala sobre a presença de personagens homossexuais em produções cinematográficas, principalmente norte-americano, desde o cinema mudo à produções mais recentes.

Este documentário conta com depoimentos de astros hollywoodianos como Tom Hanks, Whoppie Goldberg, Susan Sarandon e Shirley Maclaine assim como de autores como Gore Vidal (Ben Hur, Suddenly Last Summer) e Paul Rudnick (roterista de Será que ele é? e Jeffrey). Sem falar da participação do ícone Quentin Crisp - quem não conhece deveria ver a adaptação cinematográfica de sua biografia.

O legal desse documentário é o outing de cenas que passaram despercebidas pelo grande público, assim como os depoimentos sobre como a presença de tais personagens, mesmo de modo implícito na maioria das vezes, foi importante para algumas pessoas.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Publicidade Gay - Abordagem Alternativa

Agora que estou quase de férias voltei para terminar com esse tema antes de começar outros.

Em um recente comercial da norte-americana Levi's vemos um rapaz moreno em seu quarto escolhendo o jeans que vai usar e quando começa a vesti-lo percebe que quando ele sobe as calças emerge um cenário urbano ao seu redor que inclui um rapaz loiro em uma cabina telefônica que lhe sorri. O rapaz moreno, então, olha para a calça e volta para o loiro com um olhar decidido e puxa as calças de uma vez, fazendo com que o cenário urbano tome conta da tela. E é nesse novo cenário que o rapaz loiro vem ao encontro do protagonista e os dois seguem na mesma direção.11

Nesse comercial é possível a interpretação de um desfecho gay implícito. Orlandi diz que "segundo Diderot, há 'modos de expressão implícita que permite deixar entender sem incorrer na responsabilidade de ter dito'" para argumentar que o silêncio "não remete ao dito, ele se mantém como tal, ele permanece silêncio e significa". Então não seria porque o anunciante não recorreu a estereótipos ou mostrou um enlace de mãos no final que o anúncio não deixa de afirmar, também, que os dois personagens formam um casal. [ORLANDI, p. 67-68]

Há também a possível interpretação de que os dois rapazes são apenas amigos e que ao vestir o jeans o rapaz moreno não precisava vestir mais nada para ficar pronto e sair de casa para curtir com os amigos. A analista Eni Orlandi defende que "o sentido é múltiplo porque o silêncio é constitutivo" e "o silêncio trabalha os limites das diferentes formações discursivas, isto é, trabalha o jogo da contradição de sentidos e da identificação do sujeito". [ORLANDI, p. 73 e 6]

Essa ambiguidade interpretativa motivada pelo final em aberto do não entrelace de mãos, que delega ao espectador a escolha entre qual leitura possível é conveniente foi uma saída inteligente para o problema que qualquer anunciante enfrente quando tenta abordar o mundo LGBT, não provocar a ira de indivíduos homofóbicos e/ou conser. Porémvadora da sociedade. Embora para Bakhtin1: "um enunciado absolutamente neutro seja impossível"12. Porém, diferente do comercial da A&F, a ambiguidade da peça Levi's não é tão sutil.

Numa época em que anúncios com tema LGBT tem se tornado cada vez mais frequentes, o "gregarismo da repetição" torna o tema mais visível ao grande público já que "os signos só existem na medida em que são reconhecidos"13. Provavelmente se esse mesmo anúncio tivesse sido produzido algumas décadas mais "inocentes" atrás o mesmo teria passado despercebido por grande parte do público.

No entanto esse comercial perde a oportunidade de passar despercebido, também, quando foi inicialmente veiculado somente nos intervalos de programas com alto índice de uma audiência LGBT e no canal norte-americano direcionado ao mesmo público, LOGO, o que só re-afirma o posicionamento da marca na questão da diversidade sexual e "compromete" a marca ao ser associado por homofóbicos como incentivadores do "estilo de vida gay" (detesto esse termo). Acho que por não se comprometer, de fato, aos olhos da audiência gay que já compreende o significado da inexistência de demonstrações físicas de afeto em uma representação na mídia de uma relação homoafetiva usuais em filmes, novelas e seriados que não podem arriscar uma possível perda de aundiência e preferem não tomar partido exibindo o que poderia desagradar boa parte dos espectadores.

Então, mesmo sendo um comercial produzido como uma alternativa para a versão "hétero" da peça onde uma moça substitui o rapaz na cabine telefônica14, na era da Internet e do Youtube, a existência da versão "gay" não teria como não chegar aos olhos do grande público, fazendo com que a própria Levi''s tomasse uma posição e começasse a veicular o anúncio regularmente. Decisão essa que deve ter sido levada em consideração na premiação da associação norte-americana Commercial Closet Association - que monitora e avalia a abordagem da minoria LGBT nas diferentes mídias de propaganda (impressa, televisiva, etc.) em todo o mundo - pois essa peça foi a grande vencedora do ano de 2007.

A usual tática de algumas empresas de olho no pink money de produzir versões para os diferentes segmentos de público se encontra ameaçada pela rapidez da circulação de informações na internet que não possibilita que o espectador veja somente um ou outro.

12 BAKTHIN, Mikhail. Os gêneros do discurso. In: Estética da criação verbal. São Paulo: Martings Fontes, 2003
13 BARTHES, Roland. Aula inaugural da cadeira de semiologia literária do Colégio de França. In: Aula. São Paulo: Cultrix, 1996

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Great News!

Vi no MIX, um casal sueco está criando seu filho sem definição de gênero.

A criança, chamada de POP, é quem escolhe o que vestir, por exemplo, optando por roupas femininas ou masculinas dependendo do dia.

Achei o máximo. É claro que Pop terá algum tipo de conflito com isso, pois terá que lidar com uma sociedade onde esses papéis devem ser definidos, mas acredito que essa liberdade fará dele ou dela uma pessoa muito melhor, com características individuais genuínas.

E quando chegar a hora, Pop que escolha. Como a civilização é legal!
#
Outra coisa, dessa vez mais próxima, é que a Procuradoria-Geral da República (PGR) ajuizou ontem uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo o reconhecimento da união entre pessoas do mesmo sexo no País, da mesma maneira como são reconhecidas as uniões entre homens e mulheres e com os mesmos direitos e deveres. De acordo com a apresentação do recurso, a união entre pessoas do mesmo sexo "é uma realidade fática inegável, no mundo e no Brasil".

Vamos torcer, né? A idéia é justamente burlar todo o escândalo feito pelos opositores do "casamento gay", assumindo que o que é necessário é uma legislação que proteja o direito dos cidadãos que vivem relações assim, sem "ameaçar a instituição do casamento".