sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Racismo X Homofobia

Ontem eu vi no metrô um garoto com uma camisa onde se lia "NEGRO". Sem grandes surpresas o rapaz era negro...

Por mais que eu compreenda que tal demonstração de orgulho vem em resposta ao sentimento de vergonha presente por gerações, eu acho um pouco sem sentido, pois só serve para re-afirmar a diferença. Isso me parece contrário ao discurso de igualdade que defendem algumas das minorias sociais.

Eu como negro e gay não sinto necessidade de afirmar constantemente meu orgulho, mas quando o faço é em circunstâncias bem diferentes. Sendo negro, não preciso de camisas, gestos ou linguajar para que todos percebam o tom da minha pele e o fato de cultivar um black não quer dizer necessariamente que eu sou um negro mais orgulhoso que qualquer outro. Simplesmente quer dizer que eu sou obrigado a cuidar e me preocupar com o meu cabelo. Talvez diga que gostaria de ser a Beyoncè quando danço suas músicas com o B Fab.

Semana passada eu descobri um blog que fala sobre duas coisas que motivaram esse post, a dificuldade sobre aceitar a diferença, e sobre alguns dos conflito que ser negro e gay podem trazer em nossa sociedade.

Quando se é negro, sua família muito provavelmente é negra, então você só passa a se entender como diferente quando conhece o outro. Isso significa que você nunca se vê tão destacado das outras pessoas por haver outros iguais a você desde a infância.

Agora quando se é gay, dificilmente se está numa posição onde existam pessoas iguais a você ao seu redor. E até você encontrar essas pessoas, que te fazem perceber que você não é tão diferente assim, é difícil compreender e aceitar tudo que ser gay significa.

Enquanto racismo se aprende fora de casa, muitos são apresentados à homofobia desde sempre. Não estou querendo dizer que a homofobia é pior que o racismo. Longe disso, ambos matam e ambos devem ser combatidos. Só que enquanto no racismo existe conforto na família, na homofobia muitas vezes não. O que significa que durante o processo de descoberta e aceitação da sexualidade muitos se vêm sozinhos e isolados até da própria família. O que me parece ter efeitos psicológicos ainda mais graves.

Felizmente existe o exemplo de famílias que superam preconceitos e aceitam seus filhos e irmãos e os apóiam incondicionalmente, como foi apresentado no Profissão Repórter dessa semana(23/08/09), que mostrou o caso de um casal lésbico que decidiu ter filhos. Confesso que chorei vendo a história delas. Teve selinho, parto, choro, revolta... Vale a pena conferir.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Twitadas desastradas e Tele-realidade

Orkut, Facebook, Twitter. Eu tenho um conta em todas as ferramentas socias, mas me mantenho fiel mesmo ao Orkut, por que a preguiça de mudar alguma coisa é um ENORME defeito meu.

O Twitter, para mim, ainda não "pegou". Eu não consegui configurar o perfil para acessá-lo do celular (nem sei se conseguiria isso com o meu celular pobre...), e se é para entrar na internet, fazer login e escrever alguma coisa, melhor fazer por aqui, né?

Mas o caso interessante do Twitter é que realmente deu certo para os famosos, que agora estão muito mais acessíveis, em perfis assumidamente verdadeiros.

E hoje, não se fala de outra coisa nos sites de fofoca além dos problemas da rainha Xuxa com a nova ferramenta. Para explicar tudo melhor, leiam a coluna do Mauricio Stycer, aqui, e para rir da situação, leiam os comentários do "Te dou um dado?".

Há várias questões nessa história toda. Eu, particularmente, gosto da Xuxa, como já disse aqui, mas entendo os ataques. Outro post do "TDUD?" que me matou de rir foi sobre os comentários do Danilo Gentili sobre a coisa, mas na minha opinião, ele mais uma vez pesou a mão.

Como apontado na coluna do Stycer, o acesso às celebridades realiza o sonho de conversar com a TV, e como comentado lá, temos aquela confirmação do óbvio, de que as celebridades são pessoas como nós, com seus erros e acertos.

Sabemos que Xuxa vive num mundo particular (e rosa), e se eu tivesse a fortuna dela (only a matter of time, my dears...), também o faria. Ser rico e famoso é o sonho de muita gente, então fica difícil mesmo deixar passar a chance de apontar os defeitos de alguém assim. Mas aí, como em tudo que envolve opiniões, entra a maldade.

Ainda ontem eu li uma crítica sobre a homenagem à Xuxa no festival de Gramado. É pertinente, pois uma premiação de cinema deve se preocupar mais com o conteúdo artístico das obras e dos intérpretes, mas é preciso lembrar que dentro do que se propõe, Xuxa é bastante eficiente.

Por trajetória e por opção, a ex-modelo trabalha com crianças, e atinge seu público-alvo em filmes que divertem e criam o hábito de ir ao cinema. Ninguém precisa dizer que ela é boa atriz, ou que seus filmes são de alto teor intelectual. Nem é a proposta.

Aí, ela derrapa no Twitter, e depois defende a filha. Claro, todo mundo riu. Eu ri. Mas ficar fazendo esse circo de opiniões, resenhas e afins (que resultou nessa daqui também), é demais. Talvez seja impossível que as coisas para ela sejam normais... é a sina das celebridades.

Não queria tomar partido, até por que não suporto erros ortográficos, e o Danilo Gentili fez piada com um outro post de Xuxa, sem falar nada dos tais erros. Mas como ele é sem graça, né? Eu não achei muita graça no filme "Brüno" justamente por causa desse tipo de humor babaca, maligno, que só sabe fazer rir através do achincalhe. Não vejo o CQC, mas não é a primeira vez que uma declaração do Gentili não é nada gentil. Isso me afeta talvez pela semelhança com a homofobia... vai saber...
*
Ainda na coluna de Maurício Stycer, achei interessante a reflexão sobre a "imitação da Globo" feita pela RECORD com "A Fazenda", e como é o público quem deseja essa imitação.

Eu já tinha pensado sobre isso, analisando exclusivamente o BBB. É impressionante como o reality show, pela influência do público, só funciona quando "imita" uma novela. Se considerarmos o programa como um experimento, sabendo que o macro se reproduz no micro, temos um perfeito panorama da sociedade brasileira.

Tal é a penetração cultural das novelas (ou sua capacidade de refletir nossa cultura?), que qualquer reality show, qualquer CPI, qualquer eleição, vira novela. Temos mocinhos, vilões, reviravoltas... não são muito mais emocionantes (para quem assiste) os jogos em que o time ganha de virada, vencendo as adversidades e conquistando sua glória no finzinho?

A questão GLOBO/RECORD é muito mais sociológica do que simplesmente imitação de formatos. O problema é que entretenimento é um produto e é vendido, então tem que atender a demanda... E quem MANDA, é o público.
##
Em tempo: "Cidade de Deus" foi eleito pelo IMDB como o terceiro melhor filme do milênio.
Listas de melhores e piores sempre são polêmicas, mas essa eu achei curiosa... fala sério, né? Eu gosto do Batman, mas não é para tanto. Nesse mesmo Top Ten há filmes com histórias muitos mais interessantes, como "Brilho eterno de uma mente sem lembrança" ou muito bonitos, como "O fabuloso destino de Amélie Poulain". Enfim, fica o orgulho nacional pela boa posição de "City of God". Com Batman e "O Senhor dos Anéis" na frente, para mim ficou em primeiro...

Quem assumiu?

Será que às vésperas de completar meio-século, o eterno namorado da maior modelo da história se assumirá gay?

Não, apesar dos rumores e piadinhas... Ken, simplesmente, está desempenhando seu papel de espelhar a evolução da moda, na nova abordagem sessentista da linha "Barbie Fashion Model Collection".
Eu achei uma graça, e com certeza vou usar essa roupa da próxima vez que me fantasiar de Ken...

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Futebol, religião, casamento, Milk e Brit!

Pois éam, ninguém está no blog errado. Eu, em toda a minha glória, falarei de futebol.

Na verdade, o lance é homofobia mesmo. Leiam o Blog do Milton Neves (e como sempre os inevitáveis comentários...), sobre a homofobia da qual o jogador Richarlyson é vítima (aqui, uma pouco mais sobre o assunto).

Não quero "chover no molhado", mas é impressionante como mesmo no que seria o auge da atividade masculina, pessoas ainda se preocupam com a sexualidade alheia. Não tenho como opinar sobre o rendimento do jogador, por que não sei como é e não me interessa, mas NAONDE que ele ser viado ou não muda alguma coisa?

Eis uma das questões que me faz pensar se eu não seria mais feliz sendo um completo ignorante. Se eu não tivesse cultura e pensamento crítico, com certeza não me espantaria com nada. Realmente, quem é crente, fanático e heterossexual simplesmente por não conhecer outra possibilidade que é feliz...
#
A notícia abaixo é só para divertir, pois mostra outros famosos (além de mim), que não acreditam em Deus. Gostei muito da frase da Julianne Moore, por que é exatamente o que eu diria...
LEIAM!
#
O vídeo abaixo é a primeira cena da terceira temporada da série "Mad Man", que eu nunca vi. Mas é bem divertido, e serve de conselho para os amigos que usam viagens de trabalho para dar escapadelas. Nunca se sabe no que vai dar...

#
E esta eu li no "Trés Fab, sweetie!" (não, não é meu outro blog). No ano em que os EUA prestam homenagem a Harvey Milk, um bonde de São Francisco com sua imagem foi pichado com a palavra "FAG". Ok, tá na rua, é claro que ia ser difícil evitar... mas é foda!

#
Terminando mais light com uma notícia do mesmo blog, um chiuaua de brinco rosa foi roubado de um bar gay por um cara com uma tatuagem da BRITNEY SPEARS!!!

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Yaoi ou "O Canto da Revoada"

Não é todo dia que temos a notícia de que um galã de cinema não gosta de rotular sua sexualidade como aconteceu com o (...) Gerard Butler que não se define nem como hétero nem como gay por se envolver como ambos os sexos, apesar de haver blogs rotulando-o como gay, exclusivamente. No meio a várias notícias de mulheres famosas que se definiram como bi também.

Apesar do que algum noveleiro global especulou sobre a passarinha alheia não é de hoje que meninos e meninas fantasiam sobre a sexualidade de celebridades, até porque fantasiar não tira pedaço e, felizmente pro infame famoso "escritor", também dá audiência. (o novo video game da Angélica que o diga =D)

Mas quem nunca fantasiou também sobre a sexualidade de personagens fictícios, de quadrinhos, seriados ou mangás? E contrariando o que pensa o limitado ""autor"" o gênero de mangá que retrata relações (originais ou fantasiadas) entre dois homens - o yaoi - é, geralmente, feito por e para mulheres.

Exemplo disso é a artista Ponderosa que tem entre suas ilustrações cenas tórridas (botei as mais comportadas) entre personagens que movimentam a imaginação de milhares de fans. No blog/portfolio dela há cenas entre personagens dO Senhor dos Anéis, do seriado Supernatural, assim como Harry Potter, X-Men entre outros...

Ponderosa

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Clipping

Bom, todos já devem ter notado que o ritmo por aqui mudou. Em agosto atingimos nosso recorde de postagens, por que me deu a louca, estava vagabundeando e desceu um espírito jornalista que me convenceu de que não teria problema em postar de maneira mais regular. A proposta anterior, de deixar um post e esperar o povo refletir não tinha como acompanhar as notícias...
Bom, tudo pode mudar agora que eu trabalho e estou sempre morrendo de sono e tentando fazer a noite durar, ou uma nova onde de preguiça pode me acometer. Mas aí, conto com meus amigos LD e Literatum para dar um gás também... anyway, o post de hoje, ao invés de falar de uma coisa só, é um clipping de coisas que me chamaram a atenção aqui e no resto da internet...
#
Priscilla Pires, diva eterna, barrou Ana (e Naiá) MAIS UMA VEZ! É impressionante como Pri é uma fonte inesgotável de alegria para mim... e mais impressionante é a burrice da Aná, né? Se colocar na mesma posição de novo? Claro, ela está se promovendo com isso, mas ainda assim...
#
Não vou ficar colocando a mão no fogo pelo Obama, embora saiba que mesmo alguém com a melhor das intenções tem que capitular quando chega ao poder. Mas é ridículo ele ter que defender a reforma do sistema de saúde americano, como se facilitar o acesso à saúde fosse um erro...
#
O site ACAPA fez uma resenha do livro "Terapia Afirmativa", de Klécius Borges, já indicado aqui no "P-Files".
#
Também no ACAPA, o resultado (não surpreendente) de uma pesquisa americana que concluiu que 48% da população Gay e Lésbica faz terapia, por causa da homofobia.
#
A (agora única) rainha do Pop, que encontrou Jesus no Brasil em Setembro finalmente foi flagrada aos beijos com ele:

Tá durando, né? Eu acho legal.
#
Sobre outra rainha, fiquei feliz em ver a Xuxa e o Luciano Szafir assumindo a relação na CARAS. Sem medo de soar cafona e mostrar meu lado "pão com ovo" (até por que, ele não existe...), eu que cresci vendo a Xuxa gosto muito dela. Sou bem romântico (apesar de toda a luxúria e devassidão), então acho ótimo que depois de tanto anos eles estejam juntos e felizes... fora que essa carinha de Superman... ai,ai:

#
Duas notícias do MIX: A procuradoria geral da república enviou um parecer favorável ao Supremo Tribunal, apoiando uniões civis fora do contexto homem-mulher (vamos torcer!).
E o Ministério da Saúde criou cartões virtuais (que podem ser enviados anonimamente) para ajudar as pessoas a avisarem seus parceiros sobre suas DSTs. Ok, deve ajudar... mas é complicado, né? Vai ter muito trote, sem contar que é uma coisa bem estranha... tipo "maravilhas da tecnologia". Posso entrar dentro de você, mas não tenho cara de ter uma conversa franca sobre uma questão séria. Eu entendo, mas é estranho como as coisas hoje são fáceis...
#
Senhor Viril, não faço joguinhos. Simplesmente, acho mais justo que o senhor analise as opções, se for realmente fazer algum teste do sofá para entrar no blog (o que não significa que vá admitir ser preterido!).
E sobre o Literatum... ele está mais perto, né?
Anônimo, eu mesmo me preocupo com o conteúdo do blog, por que o idealizei como um espaço de cultura, mas nada impede que haja alguma diversão... vamos fazer um chat de pegação? Por que esse anonimato? Como você? Onde você mora? O que curte? Afim de tc? (diz ao menos a sua cidade e a primeira letra do nome, Vaaaiiiiii...)
#
Agora, só um comentário, que não tem nada a ver com internet, e nem com o post "Adequações" do dia 29 de Julho: a minha academia está com tanto homem bonito que está difícil de eu me concentrar e malhar. Não bastasse a preguiça, agora isso!
Nesta terça a personagem da Arlete Salles em "Toma Lá, dá cá" disse que "mulher pensa muito em sexo, homem muito mais, e gay mais ainda" (ou coisa assim, copiada da primeira frase de "Queer as Folk"). Não vou concordar totalmente, mas com homens bonitos e suados ao meu redor, fica difícil...

Um pouco mais do mesmo e notícias mais leves...

Falando um pouco mais sobre essa eterna discussão entre homossexuais e religiosos, o MIX falou da capa da revista evangélica ECLÉSIA, que fala em "mordaça gay".

A matéria da revista fala inclusive da psicológa Rozangela Justino, que afirma ter "curado" gays (falo dela em breve...).

Mas enfim, o que acho interessante é a tal "mordaça gay". Legal discutir a liberdade de expressão e de orientação religiosa frente ao que é politicamente correto. O caso é que, como sempre insisto, o estado é (ou deveria ser) laico. Assim, não importa se Deus e o Papai Noel existem, mas sim quais são as necessidades dos cidadãos.

Acusam a lei de criminalização da homofobia de ser uma forma de censura, simplesmente por não desejarem reconhecer os anos de opressão e violência a que os homossexuais vem sendo expostos.

O Brasil, com toda a sua diversidade, ainda é um país MUITO racista, e temos uma lei para isso. Você pode pensar o que quiser de quem é negro, mas é contra-lei usar de violência física ou psicológica para expressar uma idéia que, fora do âmbito particular, fere a civilidade que é básica para a vida em sociedade.

E por isso que precisamos de uma lei que nos defenda. Até por que, se eu não posso discriminar uma pessoa por sua orientação religiosa, não há lógica em que ela possa me discriminar pela minha identidade sexual.

Affe!

###

Gente, e o Stewie, de "Uma Família da Pesada", que é gay? Não é surpresa, mas o criador da série, Seth McFarlane, disse em recente entrevista à Playboy que chegou a escrever um episódio onde o bebê assumia sua condição, optando depois por deixar em aberto...

A decisão foi por que ele afinal só tem um ano, mas McFarlane disse que Stewie terminará sendo gay mesmo, ou um "heterossexual muito infeliz e reprimido", o que explicaria sua obsessão por matar a mãe e dominar o mundo. A tese é de que essa agressividade vem justamente da confusão e da incerteza sobre sua orientação, e quanto ao episódio que não foi ao ar, o assunto era o assédio sofrido por ele na escola. Stewie termina voltando no tempo para impedir que o "não deitarás com homem como se fosse mulher, é uma abominação" do Levítico fosse escrito (que inveja! Se bem que eu apagava essa droga desse livro todo...).
Em março, o show foi alvo de um grupo de pais preocupados por causa de um episódio que exibia uma orgia gay com 11 homens, Stewie comendo sêmen de cavalo e bestialidades. O "conselho de TV dos pais", que tem 1.3 milhões de membros, prestou uma queixa à comissão federal de comunicação dos EUA. McFarlane, que já tinha recebido reclamações do grupo antes, disse que foi como receber "cartas de ódio de Hitler".

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Mais do mesmo...

Leiam o post Pró direitos civis gays no blog do Sakamoto.

Mais uma vez esse assunto, mais uma vez o espaço para comentários como palco para discussão. Intolerância que me desilude, fanatismo religioso que me irrita (PROFUNDAMENTE), e claro, algumas opniões sensatas.

Já escrevi aqui que não adianta fingir que vivemos numa sociedade ideal. Temos que aceitar que as coisas são como são e tentar viver da melhor forma possível. Mas realmente, tem horas que me canso. Sei que assim, viva a diferença, gente burra existe em todo lugar, mas francamente...

Eu não acredito em Deus por escolha religiosa. Religiões oferecem conforto, e eu me sinto mais confortável em acreditar que não existe nada além desse plano, além de achar ridículo tomar um livro velho como regra só por que sei lá quantos judeus pensavam de um jeito a milhares de anos atrás.

Não tenho nada contra judeus, só falei nisso para explicitar a diferença. Não sou nacionalista, mas acho muito mais coerente adotar a mitologia dos índios da Amazônia, que são da minha terra, ou dos gregos, que constituíram a base filosófica da nossa sociedade, do que eleger como verdade a mitologia de um povo que é distante de mim geográfica e culturalmente...

Mas tá, vamos admitir o deus judaico-cristão, já que ele ganhou mesmo. Eu aprendi, essencialmente, que "Deus é amor". Então por que os religiosos só usam Deus e a Bíblia para o ódio? Eu sempre me referi a esse livro como o "livro do ódio", pois pouca coisa que vi nele ou gerada pela interpretação dele não resultou em ódio.

Aí, claro, vão dizer que é por que eu sou homossexual e por que sou ateu. Eu digo que é por que sou humano e inteligente. Reconheço nosso talento para a intolerância. Se uma pessoa tivesse poder absoluto, por melhor que seja, excluiria os elementos da sociedade que considera errados. Fala-se muito em nazismo como coisa abominável, mas eu acredito que é o que acontece quando alguém tem poder absoluto. É natural. Não vejo diferença entre nazismo, inquisição e a rainha de copas gritando "corrrtem-lhe a cabeça".

A questão dos direitos civis, como tudo que se refere ao Estado, tem que ser livre de opiniões. A lei deve amparar os cidadãos em suas necessidades, e cabe aos juízes analisar cada caso de acordo com seu contexto.

Enfim... amanhã, depois de mais uma noite de sono, volto a ter esperança. Agora, isso tudo só reforça o meu cansaço mesmo.

sábado, 15 de agosto de 2009

Música Pop, Divas e Montação...

Algumas semanas atrás, pela enesima vez, me apontaram a proximidade que o público gay tem com a música pop. Questionam o porque de tantas "divas" do pop (inter)nacional terem, um grande número de fans LGBT. Eu acho isso tudo muito engraçado. Música pop, como o nome já diz é pra ser gostado pela maioria então sinceramente, não entendo a estranheza de qualquer expressão cultural "popular" também atingir o público gay. O erro é achar que todo homem que gosta da Kylie Minogue, Madonna, Beyoncé ou Wanessa Camargo é gay. Eu não conheço nenhum mas sei que existe. =D

Eu acho que o público LGBT acaba se sobressaindo porque é uma parcela mais fiel da população. Costumam ser fans exemplares, que compram CD, procuram acompanhar a carreira (até depois de tocar nas rádios), vão a shows e talz. A única cantora pop que eu conheço (e gosto) que na minha opnião é majoritariamente gay é a Kylie Minogue. Quem já viu um show dela (ao vivo ou em DVD) sabe que ela não só flerta com o público gay ela é inspirada por ele. Conheci um garoto que fala que é "muita vontade de ser minoria". O negócio é que ela se monta como poucas...

O que mais me intriga nessa história é a atual popularização da montação. Beyoncé com seus apliques e roupas extravagantes; Lady Gaga com sua make-up e figurinos; isso pra falar só as mais descaradas. Acho que a figura produzida dessas "divas" que saem dos padrões e até debocham dele é o que atrai em tantos homens gays. A imagem de mulheres que transgridem o estético mas sem perder a sensualidade numa posição de poder é algo que não se vê todo dia. E pessoas famosas, teoricamente, deveriam ser pessoas diferentes das que conhecemos e não se desculpam por isso. Pelo contrário, usam essa diferença a seu favor.

Agora só me fica a dúvida... o que veio primeiro a diva ou a drag?

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

"Templo é dinheiro" ou "O ataque da Vênus Platinada"

Ok, ok. Eu dificilmente tenho como ser imparcial nesse assunto, por que eu não suporto teorias conspiratórias do tipo "a Globo manipula o país". Na verdade, eu AMO a Globo e no dia que estrelar uma novela lá vou dar uma festa, e o bolo terá o símbolo da emissora...
Mas enfim, nessa semana o jornal nacional falou sobre o pastor Edir Macedo, e taí outro assunto onde não consigo ser imparcial, por que tenho verdadeiro horror a igrejas e religiões de qualquer espécie.
Enfim, seja pelo motivo que for, as imagens exibidas pelo casal Bonner com o pastor falando sobre dinheiro, persuasão e vaga no céu são verdadeiras, e EU VI um programa da Record prometendo alívio para enxaqueca a fiéis que tocassem A FOTO da camisa que o Partor Edir Macedo usou ao subir o monte Sinai. Ninguém me contou não.
Aí hoje, por acaso, ingressei na massa proletária e aí tive que acordar cedo. Minha mãe estava assistindo o Jornal da Record, e já de manhã, eles estavam falando sobre "O ATAQUE DESESPERADO DA REDE GLOBO À RECORD". Ok, vai que tem algum fundamento... mas tive que rir.
Abaixo, a primeira parte de uma reportagem da emissora (as outras estão nos links relacionados):

Coisinhas que li na net...

Uma capela de Nova York está realizando casamentos gays, para todos que quiserem se casar por lá ao invés de ficar viajando.
Como alguém pode virar juiz de paz pela internet (como aconteceu com o Joey em "FRIENDS"), criaram essa capela onde isso é permitido, embora não seja algo recohecido por lei.
Alguns jovens têm se casado por protesto, o que no fim das contas é interessante e talvez faça a discussão por lá acontecer. A capela não tem nenhuma menção à religião, e em as cerimônias, então é legal para esse povo da igreja se tocar que uma coisa não tem nada a ver com a outra...
#
Outra coisa interessante foi essa postagem sobre a nova lei de crimes sexuais. Finalmente homens podem ser estuprados, mas um beijo de língua forçado pode dar uma pena maior do que sexo não-consensual mediante "boa noite Cinderela". Nice, hum?

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Bravo! e a "estética homossexual".

A ótima revista "Bravo!" traz um interessante artigo sobre a "estética homossexual". Leiam, principalmente a parte dos comentários, onde a discussão ficou deliciosa...

Pessoalmente, acho que o ponto discutível é a não existência do homossexual. Sei que esse nome foi criado pela psicanálise a relativamente pouco tempo, mas a partir do momento que o termo foi aceito e usado para "catalogar" pessoas, ele foi legitimado.

Digo isso por que a homossexualidade como prática sempre existiu, mas a partis do momento que isso foi nomeado e características foram apontadas como sintomas, por mais preconceituoso que parece, criou-se a identidade homossexual.

Assim, é natural que guardadas as devidas proporções, tenhamos um comportamento homossexual (e não me refiro à pratica sexual) e algo que pode ser definido como a "estética homossexual".

Enfim, leiam o texto e comentem.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

"The PINK knight" ou "Being FABULOUS in other media"

Um solteirão que vive com um garoto numa mansão e quase toda noite veste uma máscara de vinil preta.
Paraíso homossexual sadomasô ou um justiceiro incompreendido? Batman é gay? Leiam sobre isso em meu primeiro artigo oficial no site Ambrosia, sobre entretenimento.

Este artigo é o primeiro a oficializar minha participação no site (onde nem tudo será sobre homossexualidade), mas o marco zero, ainda como colaborador, foi uma retrospectiva dos 50 anos da deusa que guia a minha existência...

domingo, 9 de agosto de 2009

Dando uma de B-Fab...

Vou indicar um videozinho do Youtube e uma programa de TV. O vídeo da música "Hibi no Neiro", da banda japonesa SOUR foi gravado inteiramente via webcam, com um elenco escolhido entre os fãs da banda do mundo todo. O resultado é bastante interessante:


*
E o programa, embora seja algo que provavelmente será difícil de assistirmos por meios convencionais, chama-se "Mon Incroyable Fiancé" ou "Meu incrível noivo".
Trata-se de um reality show onde um rapaz heterossexual ganhará CEM MIL EUROS se conseguir convencer a família e os amigos de que está apaixonado por um cara.

Segundo o belo Christopher, o mais difícil não é se passar por homossexual, e sim enganar seus entes queridos. Achei interessante por que é terreno fértil para debates acalorados, preconceitos revelados e discussões interessantes. Um hétero tentando convencer como gay, usando signos dos estereótipos sem poder fazer piada...
Acima, o belo Christopher (eu me passaria por noivo dele a qualquer hora...), e abaixo, ele e seu "incrível noivo":

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

O curiso caso de Brangelina...

Então o termo "power-couple" foi redefinido quando duas das pessoas mais bonitas e famosas do mundo se juntaram após um filme, e terminaram com uma família multi-racial e multi-milionária. Mas por que eles ainda não se casaram?

Em recente entrevista, o Sr. Jolie se mostrou um homem ainda mais desejável, com suas declarações pró-gays.

Segundo Brad, ele disse uma vez que se casaria com Angelina, sua alma-gêmea, quando todo mundo tivesse esse direito. Grupos religioso o ameaçaram, mas ele diz que mantém essa posição, e que é ridículo pensar que o casamento gay arruina famílias, quando ele é testemunha das famílias maravilhosas de seus amigos gays, e da felicidade das crianças criadas por esses pais.

Ele entende que isso é medo do diferente, mas acha ridículo que a "prop 8" tenha tirado o direito ao casamento de casais gays, e que espera que seus filhos sejam felizes e se sintam confortáveis para serem o que quiserem.

Dá pra fazer maldadezinha e dizer que Brad está fazendo fita para não casar com a moça, mas é lindo...

Eating Out, a primeira trilogia gay.

No dia 02 de Outubro, estréia em Los Angeles a terceira e derradeira parte da primeira "franquia gay" da história do cinema: EATING OUT 3:ALL YOU CAN EAT.
O primeiro e segundo filmes fizeram bastante sucesso (com o segundo revelando ao mundo a nudez maravilhosa de Marco Dapper), e o terceiro promete repetir a dose.
Com questões interessantes sobre a sexualidade e seus "limites" discutidas com muito humor, a trilogia termina fechando com chave de ouro, com um elenco de lindos assumidamente gays, o que é raríssimo...



Abaixo o trailer do primeiro filme:

Agora, do segundo:

E por fim, o teaser do terceiro:

Mal posso esperar para baixar e assistir (por que esses filmes não serão lançados aqui nunquinha...)

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Mais Diva, mais cultura, mais fabulousness!

Falando de outra das minhas divas, pela primeira vez no século eu comprarei uma Playboy:

Priscilla Pires inovou com o tema "princesa devassa", e pela primeira vez um ensaio da Playboy tem homens seminus.

O que me interessa nessa Playboy é que Priscilla conseguiu fotografar exatamente o que eu mais admiro nela: sua sexualidade.

Como disse na época do BBB, o grande lance da morena é falar abertamente sobre isso, contrariando anos e anos de opressão à mulher, especialmente num país machista como o nosso.

Aí, é claro, há o outro lado da moeda e a "objetificação da mulher", mas Pri já provou que é muito mais que um corpão voluptuoso e nesse ensaio, os objetos (de cena) são os homens. Até o (bem dotado) namorado dela participou das fotos, mas sem mostrar o rosto...

E abaixo, a foto dela para a capa da revista NOVA, num estilo mais classudo (apesar do decote e de levantar o vestido... haha!):

Melhor que isso, só ela ter barrado a xarope da Ana Carolina no lançamento da revista...
####

Nessa semana teve um burburinho na mídia depois que Aguinaldo Silva disse em seu blog que Reynaldo Gianecchini faria um vilão gay na minissérie "Cinquentinha", que estréia no dia 02 de Outubro.

A informação foi negada pela Globo e pelo ator, que disse que a agenda cheia não permitiria que fizesse o trabalho (segundo o Te Dou Um Dado?, ele arregou mesmo).

O que quero ver é o tal personagem, não importando o ator (posso mandar currículo ou tem que ter 40 anos?). Finalmente ver um gay mau será um sonho para mim, se ele não terminar com uma mulher...
####

Terminando em cultura, daqui a pouco começa a temporada cultural com os festivais de cinema e de teatro (e depois o ano acaba), e já deixo a dica de dois filmes interessantes.

O primeiro é o brasileiro "Elvis e Madona", que conta a história de amor entre uma lésbica e um travesti. Já tem minha simpatia por discutir os limites dessas "etiquetas sexuais" e mostrar como a sexualidade e o amor são amplos.


O outro, "Humpday", é uma comédia sobre dois amigos héteros que decidem lançar um filme pornô de uma transa entre os dois. Nada de questões afirmativas pró-homossexualidade, mas risos e elementos para se pensar sobre a aproximação entre os homens e seus amigos.

####

Por fim, sem necessariamente indicar o filme ainda, vale uma lida nesta matéria sobre a polêmica em torno do novo filme de Sherlock Holmes, que ainda nesse terreno da amizade entre homens, explora a intimidade entre o detetive e o Sr. Watson de uma forma que incomodou algumas pessoas...

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Paris, not France...

Continuando com a onda cultural, preciso indicar o documentário "Paris, not France", que a MTV americana exibiu no último dia 28. É a chance de conhecer intimamente um dos meus maiores ídolos e um símbolo da minha filosofia máxima de sim, o dinheiro traz a felicidade: PARIS HILTON!

Eu sei, alguns podem achar que eu estou só tirando onda de engraçadinho, mas REALMENTE a admiro. No dia em que conquistar a riqueza para a qual me preparei a vida toda, agirei quase que da mesma forma.

No trailer abaixo, ela fala que as pessoas a vêem como uma "Barbie com a vida perfeita" e é claro que até certo ponto é assim mesmo. Com certeza há muitos problemas em ser conhecido por ser tão rico, além do descrédito de que ela sofre. MAS, o que admiro é que ela se diverte. Quis ser uma celebridade independente do talento, foi lá, pagou e fez. Como ela mesma diz, é uma MARCA. Um LUXO!



Uma ÓTIMA entrevista com a diva:



E abaixo, o clipe "Paris for president", que eu adoro. Tenho certeza que se ela fosse a presidente dos EUA, o mundo seria muito melhor... votaria de olhos fechados:



####
Continuando... no dia 05 de Outubro, os Backstreet Boys lançam o seu sétimo álbum, "This is us", que é o segundo sem o (gostoso) Kevin. O primeiro single já foi lançado e vocês podem escutar aqui.
####
E continuando com o post cultural (mas não nos níveis do Literatum), um vídeo legal com 100 falas marcantes do cinema:


segunda-feira, 3 de agosto de 2009

"Terapia Afirmativa", de Klecius Borges

A dica do evento é para os leitores de São Paulo (temos algum?), mas a dica do livro é geral:

As Edições GLS e a Livraria da Vila – Lorena (SP) promovem no dia 5 de agosto (quarta-feira), das 19h às 22h, a noite de autógrafos do livro Terapia afirmativa – Uma introdução à psicologia e à psicologia dirigida a gays, lésbicas e bissexuais, do psicólogo Klecius Borges. No início do evento, haverá um bate-papo com o autor no auditório da livraria. A obra – pioneira no Brasil – trata da chamada terapia afirmativa, surgida como contraponto às visões tradicionais que consideram a homossexualidade uma forma patológica ou imatura de expressão afetiva/sexual. O evento acontece no piso térreo da livraria, que fica na Alameda Lorena, 1731 – São Paulo.

A abordagem psicológica conhecida como psicologia afirmativa, que foi criada a partir de um amplo conjunto de evidências biológicas, psicológicas e sociais, surgiu principalmente nos Estados Unidos e no Reino Unido. Essa abordagem considera a homofobia, e não a homossexualidade, a principal responsável pelos conflitos vivenciados por homossexuais.

De acordo com a visão afirmativa, a identidade homossexual é expressão natural, espontânea e positiva da sexualidade humana, em nada inferior à identidade heterossexual.Essa nova forma de abordar a homossexualidade, tanto do ponto de vista conceitual quanto do clínico, é tema do livro. Nele, Borges reúne informações e orientações que visam a combater o preconceito e a discriminação em um lugar em que a singularidade, a intimidade e as escolhas individuais devem ser abordadas com respeito ímpar: o consultório psicoterápico.

“Os terapeutas que adotam a abordagem afirmativa transmitem aos pacientes absoluto respeito por sua sexualidade, sua cultura e seu estilo de vida”, afirma o autor. A terapia afirmativa utiliza os métodos psicoterápicos tradicionais, mas parte de uma perspectiva diferente.

Pioneiro no Brasil, o livro fornece as bases para compreender a terapia afirmativa, intercalando elementos teóricos e dicas práticas. Além de apresentar os conceitos, os fundamentos e a base histórica dessa abordagem psicoterápica, o autor se dirige a gays, lésbicas e bissexuais que desejam se submeter à terapia, orientando-os na busca de um profissional adequado. Ao mesmo tempo, fornece aos terapeutas informações essenciais, descrevendo vários exemplos práticos da clínica homoafetiva e mostrando como se preparar para atender gays e lésbicas de forma afirmativa. “O livro preencherá uma lacuna importante, já que há pouquíssima informação sobre a psicologia homossexual e o trabalho psicoterapêutico dirigido ao publico gay”, esclarece Borges.

A obra é o resultado de oito anos de dedicação profissional. Nesse período, o psicólogo atendeu, em sua clínica, exclusivamente homossexuais e familiares destes e participou também de inúmeros grupos de discussão e de orientação no Brasil e nos Estados Unidos. “Acumulei um volume considerável de histórias pessoais e casos clínicos que me permitem falar com segurança sobre a experiência brasileira de uma psicologia especificamente voltada aos gays”, revela Borges.

Dividido em sete capítulos, o livro aborda minuciosamente um termo que ainda não é empregado nem reconhecido oficialmente no Brasil. “A abordagem afirmativa não é uma escola nem uma técnica, e sim uma atitude diante da homossexualidade”, explica o autor. A obra traz também extensa bibliografia e anexos com orientações e recomendações propostas por organismos internacionais de saúde mental.

O autor

Klecius Borges é psicólogo formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Participou de diversos cursos nos Estados Unidos e, nos últimos oito anos, vem se dedicando ao atendimento psicológico de gays e seus familiares, de acordo com a visão afirmativa. É autor do livro Desiguais (Fábrica de Leitura, 2008), colabora com diversos veículos de comunicação e promove palestras sobre homoafetividade em empresas e organizações.

O preço médio será de R$ 28,00, e vale a pena visitar o site da editora.

BRÜNO



Desde que os primeiros trailers de Brüno, o novo filme de Sacha Baron Cohen, apareceram na internet, grupos de militância gay no mundo inteiro embarcaram na polêmica humor x politicamente correto (recentemente discutida aqui no blog).

Assim como em Borat (tão 2006!), a idéia é usar situações extremamente constrangedoras justamente para denunciar os preconceitos e absurdos daqueles considerados normais. Se antes tínhamos um repórter do Cazaquistão que vomitava machismo e anti-semitismo, agora temos um afetado apresentador gay de Viena, com o sonho de se tornar "a celebridade mais famosa da Áustria depois de Hitler".

Em sua jornada, Brüno critica a fábrica de celebridades de Hollywood, o conteúdo de programas de TV e o mundinho fashion, enquanto as reações às suas cenas absurdas vão revelando como aceitar o diferente ainda é uma questão espinhosa.

A GLAAD (Gay and Lesbian Alliance Against Defamation), pediu que a Universal, distribuidora do filme, incluísse um aviso politicamente correto de tolerância, por considerar que o filme, embora tenha momentos engraçados, muitas vezes faz piada do comportamento homossexual. O aviso não foi colocado, e a nova polêmica é com o grupo terrorista Al Aqsa Martyrs Brigades, que ameaça tomar providências contra Cohen, por "conspirar para usar o nome do grupo" num filme de tal conteúdo.

O caso é que depois de Borat, ninguém deve esperar de Brüno um humor refinado, e é aí que expectador deve tomar partido.

Se gosta de sátira e de situações que beiram o escatológico, mas que até dão o que pensar, com certeza vale a ida ao cinema. Já se a onda é refletir sobre questões sérias, sem espaço para desconforto, talvez seja melhor esperar o lançamento em DVD.

Eu, que quase sempre acho a militância exagerada, fiquei mais interessado e ver as reações do público e das "vítimas" de Brüno do que em me sentir ultrajado pelo personagem.

B-Fab poderia ter feito download do filme como fazem os seus amigos, só para postar aqui uma crítica, contudo, preferiu esperar o convite para uma exibição exclusiva para a imprensa, permanecendo fiel a seu fabulous self!

De Profundis

Passadas as primeiras páginas e a forte sensação de estar lendo algo que eu não deveria - pelo livro parecer um diário e na verdade ser composto de cartas dirigidas a Bosie (Lord Alfred Douglas) - o que mais me tocou na obra foi a "inocência" do amor de Oscar Wilde por seu objeto de afeição.

Wilde, tido como forte crítico dos costumes da sociedade inglesa de seu tempo, parece não ter sido vendado por seus sentimentos por Bosie. O que mais me entristeceu foi a cegueira de Bosie em relação a seu amado.

Se os fatos da relação dos dois apontados por Wilde realmente aconteceram é triste pensar que um intelectual como ele não percebeu o interesse (pouco romântico) de Lord Alfred. O que me faz perguntar se eu só consigo perceber essa coisas por essa ser uma história comum, principalmente entre homens gays: a história de um homem mais velho e estabelecido que se envolve com um rapaz mais bonito e mais jovem que, digamos, quer aproveitar as coisas boas da vida e que a mesada do pai não possibilita.

Não estou dizendo que eu já não pensei nisso, mas é que pra mim é difícil aceitar que sentimentos obscureçam a razão, e ainda mais que esses sentimentos resistam a uma condenação de dois anos de trabalho pesado em uma prisão e uma dívida tão grande que deixa Wilde na miséria, além do ostracismo pela condenação como imoral em uma sociedade tão... rígida quanto a inglesa do fim do século retrasado.

Pra quem quiser saber mais um pouco sobre a história dos dois...

E pra quem quiser ler alguma obra do Wilde eu aconselho O Retrato de Dorian Gray.