quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Associação de idéias...

Aí, o tópico da semana foi a declaração do governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), associando o câncer de mama masculino às paradas gays.

Me lembrei de quando não podia brincar de boneca para não "virar" gay. É impressionante como esse povo preconceituoso faz as mais mirabolantes associações... Por que assim, se estivessem falando de AIDS, tudo bem, seria ridículo e muito preconceituoso, mas há um estigma, e poderia-se dizer que as paradas estimulam promiscuidade, enfim... Mas nesse caso, não há nenhum tipo de linha lógica a ser seguida! Como pode passar na cabeça de uma pessoa teoricamente estudada que um tipo de câncer vá se desenvolver por causa de um desfile?

Aí, claro, algum assistente redigiu um comunicado para a Fátima Bernardes ler, onde o governador diz que "era tudo brincadeirinha" e, como sempre, que a militância gay está agindo com muita severidade... Fiquei pasmo com essa história toda!

O bom é que o mais prejudicado é ele mesmo, né? Como idéia tão absurda jamais será considerada, fica o registro de um episódio ridículo e de um político (que deveria ser ao menos hipócrita e saber o que não dizer...) que passou atestado de ignorância em âmbito nacional.
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Lembrete: Nesse domingo é a 14ª Parada do Orgulho Gay do Rio (e a primeira onde estarei livre, leve e solto...), não percam!!!

sábado, 24 de outubro de 2009

O Nobel da Guerra mobiliza o Império...


Então Barack Obama ganhou o Nobel da Paz e muita gente se perguntou o por que... É claro que todo mundo sabe que independente de qualquer atitude, o prêmio foi dado por que não existe um Nobel da Guerra para premiar o Bush, mas muita gente chiou.

Obama foi eleito como um salvador, para o cargo mais importante do mundo, e todo mundo esperava um milagre. Eu sempre fui contra essa idéia de que "presidente é rei", e que basta colocar um homem numa cadeira e ele sozinho resolverá tudo, mas perto de completar um ano de governo, a administração Obama está cada vez mais impopular...

O primeiro grande problema foi a crise econômica, que embora já esteja praticamente resolvida, deixou o Império Americano mais fraco do que nunca. Agora, a pressão é para o cumprimento das promessas de campanha, e aí entra a comunidade GLBT, que votou expressivamente em Obama e agora se sente abandonada ao ver que quase nada acontece...

No dia 10, o gramado do "The Mall" em Washington foi coberto por uma multidão de pessoas, numa daquelas manifestações que fazem a história dos Estados Unidos (e cenas de Forrest Gump). A "marcha nacional pela igualdade" contou com a presença de famosos e discursos emocionados e emocionantes. Três dos quais estão abaixo:

Lady Gaga, Diva, falando pelos jovens.

Cynthia Nixon, maravilhosa, dizendo lindamente que se uma classe de cidadãos não tem direitos, ela é evidentemente vista como inferior pelas outras, que então se sentem livres para o ataque.

Judy Shepard, a mãe do jovem Matthew Shepard, vítima da violência anti-gay, lembra que o presidente só pode agir com a ajuda do povo e que ninguém tem o direito de dizer de que forma devemos amar.

A vitória veio com a aprovação do projeto de lei contra crimes de ódio, batizado em homenagem a Matthew Shepard, que é efetivamente a primeira lei a proteger a comunidade GLBT estadunidense em âmbito nacional. Só falta o Obama assinar, e finalmente ele terá saído do marasmo e merecido o prêmio, que muitos críticos disseram ter sido o primeiro Nobel "preventivo", pois serviria justamente para dar a Obama o estímulo necessário para agir... Vamos ver.

Uma amiga me disse que muito do que é comentado aqui é sobre os EUA, e é claro que isso é em parte culpa da minha americanização assumida, mas o caso é que não há muita coisa a dizer sobre nós por enquanto. Quem sabe se aqui a gente se mobilizasse para ocupar as ruas de Brasília e exigir igualdade?

Bom, para não dizer que nada acontece, dia 01 temos a Parada do Orgulho aqui no Rio. Independente da festa, é também um ato político e por isso mesmo, válido.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Muito trabalho e filmes...


Pois é pessoal, depois de um Agosto ativo, passamos setembro parando e outubro congelados, mas como disse o L.D, estamos de volta! Minhas desculpas são o trabalho puxado, crises na faculdade e uma maratona louca para ver o máximo de filmes do festival do Rio possíveis. É triste, mas acabei dando mais atenção ao Ambrosia, e você podem ler minhas resenhas completas sobre os filmes que vi .

Comecei o Festival vendo o maravilhoso "Eu Matei Minha Mãe", que eu nem sabia que tinha um personagem gay, já que não fazia parte da mostra específica... para mim pelo menos, não teve como não me identificar com a história de amor e desentendimento de Hubert e sua mãe...

Segui com "Fúria", sobre políticos americanos enrustidos, e adorei ver o Ney Matogrosso em "Depois de Tudo".

Me emocionei bastante com a ópera documentário "Arvores com Figos", que fala da AIDS com tanta leveza. Um grande acerto na mostra foi "An englishman in New York", sobre o delicioso Quentin Crisp, e "Ander" foi uma ótima surpresa. As decepções foram "Boy", que é bem chatinho, e "Humpday", que não é tão engraçado ou ousado quanto prometia...

Na premiére Brasil, gostei muito de "Sonhos Roubados", e meio que por acidente assisti um tocante documentário sobre o domínio do Tibete pela China (evidentemente, fora da premiére Brasil...), "Fogo sob a Neve".

Sem dúvida, uma das grande alegrias foi ver o hilário "Matadores de Vampiras Lésbicas", e os outros filmes que vi podem ser conferidos na lista do Ambrosia. O caso é que aproveitei bem o festival de cinema, podendo gritar a plenos pulmões que "cinema é a maior diversão", sem medo de "chover no molhado".

Pra semana eu comento o Nobel do Obama, a marcha nacional pela igualdade nos EUA, casos curiosos, e a violência na cidade sede das olimpíadas 2016. Fazer o que, né? Tanto tempo sem postar, vamos ter que correr atrás...

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Eu tive um sonho ou We're back!

Estágio novo, Festival de Cinema do Rio, trabalhos cansativos e acabamos nos afastando por quase um mês. Para os que sentiram falta: obrigado! Para os que nem repararam ou se importaram: estamos de volta e com ganas de melhorar.

Mais uma parada do orgulho no Rio, mais uma parada proibida pelo preconceito de seus governantes - dessa vez em Caxias. E eu continuo pensando em que diabos estavam pensando quando nomearam a cidade do Rio como um dos melhores destinos gays. Esse povo nunca ouviu falar na palavra coió.

Todo gay da cidade conhece alguma história ou conhece alguma vítima. Tudo bem, acontece em muitas cidades e é por isso que eu fui no site e votei na Argentina. Se é pra votar num país latinoamericano que seja lá. Pode ter coió na Argentina, mas lá gays podem casar, com ressalvas, mas podem. Além de tudo os argentinos investem no turismo gay enquanto aqui no Rio a única propaganda que atrai gringos são as promessas de belos descamisados na praia.

Eu não estou reclamando, as coisas são como são, por ora. E foi isso que eu lembrei enquanto escutava a linda música da Gwen Stefani sobre segregação racial. Na música há trechos do discurso do Martin Luther King e confesso que fiquei emocionado ao perceber que o sonho dele nunca esteve tão próximo quanto agora com a eleição do Barack Obama.

Fico triste em pensar que talvez eu também não viva para ver o sonho de direitos iguais para todos sem distinção, também, de orientação sexual no Brasil. Mas tenho certeza de que quando a hora chegar alguém ficará tão feliz quanto eu...