quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Orgulho Hétero

E ainda tem gente que discorda quando digo que o BBB é um maravilhoso programa de antropologia...

Nesta terça, tivemos o primeiro paredão dessa décima edição (inesquecível pela criação da primeira EX-EX-BBB da história, que ainda pagou mico perguntando ao Bial quem era sua BBB preferida, só para escutar o nome da diva Priscila ao vivo para todo o Brasil... ai Jose!). Como de praxe, no início do programa tivemos um compacto com os momentos que levaram à formação do paredão e daquela semana na casa, com alguns enfoques especiais.

Um deles, ao som de Lady Gaga, foi sobre os participantes assumidamente gays e as reações provocados por eles nos outros. Foi exibido o desentendimento entre Dicésar e Marcelo Dourado, que fez Dimmy chamar Dourado de homofóbico. É ruim partir para esse termo, pois parece aquela mania de perseguição da minoria, onde qualquer coisa vira homofobia. Aí o Dourado, em meio a seus arrotos, se queixou de que os gays podiam fazer piadinhas, e ele não.

Em meio à preocupação do governo com a homofobia na casa, surgiu um babado quando o advogado Alex, que se diz hétero, graças à Deus, foi apontado por André Fischer como enrustido. O rapaz repetiu o "agradecimento" durante o programa de terça, e Marcelo Dourado, ainda tentando o clima de "não tenho preconceitos", gritou: orgulho hétero!

A questão é espinhosa, por que bate na liberdade de expressão, que é um direito de todos e deve ser respeitada. Só que há também os direitos humanos, e seria interessante que existisse penalização contra a homofobia, para que vissemos como ficariam as afirmações.

No programa, tudo está sendo levado em tom de brincadeira, até por que ninguém quer se indispor, e não há motivo para hipersensibilidade... mas tudo deve ser ponderado. Eu várias vezes uso palavras como viado, bicha ou boiola para se referir a mim ou as meus amigos, especialmente quando estamos juntos e em momento de descontração. Tenho amigos negros, amigos gordos, amigos magros, amigos crentes... e nem por isso a gente fica usando termos politicamente corretos como afro-descendente, obeso ou evangélico. Mas isso é entre nós, né? Não quer dizer que alguém na rua tenha o direito de nos apontar um dedo e gritar VIADO, como se fosse uma ofensa. Se ser viado é ser homem que transa com homem, eu sou viado mesmo, mas um heterossexual não pode me dizer(ou escrever num boteco) essa palavra(ou um sinônimo) como xingamento.

Aí, mesmo sendo contra perseguições, fica difícil engolir alguém gritando ORGULHO HÉTERO em rede nacional. É querer comparar o incomparável. Se existe orgulho negro, feminismo e orgulho gay, é por que o sistema que é dominado pelo macho heterossexual branco usa tais características como motivo de vergonha. É em oposição a essa vergonha que gritamos ORGULHO.

O problema, não é uma cultura heterossexual, e sim uma cultura heteronormativa.

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