segunda-feira, 3 de agosto de 2009

De Profundis

Passadas as primeiras páginas e a forte sensação de estar lendo algo que eu não deveria - pelo livro parecer um diário e na verdade ser composto de cartas dirigidas a Bosie (Lord Alfred Douglas) - o que mais me tocou na obra foi a "inocência" do amor de Oscar Wilde por seu objeto de afeição.

Wilde, tido como forte crítico dos costumes da sociedade inglesa de seu tempo, parece não ter sido vendado por seus sentimentos por Bosie. O que mais me entristeceu foi a cegueira de Bosie em relação a seu amado.

Se os fatos da relação dos dois apontados por Wilde realmente aconteceram é triste pensar que um intelectual como ele não percebeu o interesse (pouco romântico) de Lord Alfred. O que me faz perguntar se eu só consigo perceber essa coisas por essa ser uma história comum, principalmente entre homens gays: a história de um homem mais velho e estabelecido que se envolve com um rapaz mais bonito e mais jovem que, digamos, quer aproveitar as coisas boas da vida e que a mesada do pai não possibilita.

Não estou dizendo que eu já não pensei nisso, mas é que pra mim é difícil aceitar que sentimentos obscureçam a razão, e ainda mais que esses sentimentos resistam a uma condenação de dois anos de trabalho pesado em uma prisão e uma dívida tão grande que deixa Wilde na miséria, além do ostracismo pela condenação como imoral em uma sociedade tão... rígida quanto a inglesa do fim do século retrasado.

Pra quem quiser saber mais um pouco sobre a história dos dois...

E pra quem quiser ler alguma obra do Wilde eu aconselho O Retrato de Dorian Gray.

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